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Carina Alves, fundadora do Instituto Incluir. Foto/Divulgação

Em alusão ao Agosto Lilás, a iniciativa acontece no Morro da Providência, na Pedra Lisa( considerada a Pequena África do Rio de Janeiro) e começou em janeiro de 2024. Os atendimentos já estão acontecendo e as inscrições continuam abertas

Segundo dados do 18º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública em julho deste ano, o Brasil registrou um crime de estupro a cada seis minutos em 2023. Segundo os dados, houve um aumento de 6,5% em relação a 2022. As mulheres são as maiores vítimas e seus agressores, na maioria das vezes, estão dentro de casa. Ainda de acordo com os dados do Anuário, 76% das vítimas são menores de 14 anos.

 

Carina Alves, fundadora do Instituto Incluir. Foto/Divulgação

  *Relato de abuso*

Sofri abuso sexual na infância e não denunciei por medo. Sofri assédio sexual e moral na vida profissional e não denunciei por ameaça e consequentemente o medo. A violência contra a mulher ronda todas nós” relata Carina Alves, fundadora do Instituto Incluir. E completa dizendo: “É um assunto muito delicado e desafiador. Quem agride tem o dom de amedrontar, coagir e em alguns casos até dizer que à vítima é que tem culpa. É um absurdo, temos que parar isso. Os dados são alarmantes, pessoas morrem enquanto quem agride vive impunemente. Aprendi que a mulher tem a sua força e precisamos ter coragem para falar do assunto “. Carina conta que muitas vezes ouviu de pessoas que era melhor ficar calada, pois as consequências seriam piores que a violência sofrida. “Às vezes que tentei denunciar, eu ouvi: ‘Cuidado. Pense melhor, pois a corda sempre arrebenta para o lado mais fraco’. 

Hoje consigo falar sobre isso, mas passei anos sofrendo, morrendo por dentro, sem rede de apoio, sem saber por onde começar, como se estivesse numa rua sem saída, mas acreditem, tem saída. É uma luta diária e precisamos de políticas públicas para nos proteger”, explica ela.

Carina Alves, fundadora do Instituto Incluir. Foto/Divulgação

*Meninas negras são 50% das vítimas* 

No Anuário também foi revelado que mais de 50% das vítimas são meninas negras, abaixo dos 13 anos. 87% dos agressores são familiares ou conhecidos, que cometem o crime dentro da própria residência das vítimas. 

 

*O projeto Crescer com Cuidado* 

A ação é promovida pelo Instituto Incluir em conjunto com o Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, por meio da Secretaria Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente. A iniciativa é gratuita e visa mobilizar, e orientar, a comunidade da Providência ( Pedra Lisa) para que eles entendam, e previnam, a violência sexual contra as crianças.

 

*A iniciativa oferece de forma gratuita as seguintes ações:* 

 Atendimento psicológico e assistência jurídica e social às famílias; arteterapia e atendimento psicopedagógico para as crianças;palestras de conscientização sobre os cuidados na primeira infância;  qualificação de profissionais das áreas de educação, saúde e segurança para identificar sinais de violência sexual em crianças na primeira infância.

 

 *Inscrições:*

O projeto visa cuidar e prevenir a violência sexual na primeira infância, do 0 aos 6 anos. Para qualquer dúvida sobre como se inscrever ou sobre o projeto, foi disponibilizado um número de telefone: (21) 98723-7428. Essas qualificações se darão por meio de cursos. 

E esse é um dos projetos destaques do Instituto Incluir. 

 

*Unindo forças* 

Com apoio da ONG Sparta, o Instituto Incluir realizará outros projetos na Providência, que é uma das favelas mais antigas do Brasil e a primeira do Rio de Janeiro.

“Queremos cuidar e proteger nossas crianças, garantindo que possam crescer e se desenvolver em um ambiente seguro e saudável”, acrescenta Carina Alves. A ação tem como meta atender no mínimo 600 pessoas mensalmente, com profissionais de psicologia, psicopedagogia, oficinas de arte, assistência social e jurídica. Já as atividades de formação e qualificação, contará com 150 profissionais de saúde, educação e segurança.

 

Fonte: Rafael Gomes

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