Em artigo, jornalista questiona se o apresentador dará certo no comando de uma atração diária
Faustão tem um desafio muito maior que ele mesmo na própria Band. Uma coisa é ele fazer um programa semanal (que já é super difícil); a outra é produzir diariamente. Quem aqui da área que concorda… levante a mão. Se os assuntos do ‘Domingão do Faustão’ já se repetiam (e se esgotavam) na Globo aos domingos, imaginem na Band todo o santo dia.
Não há fôlego de produção que preencha esses espaços diários com uma audiência qualitativa que se veja obrigada a sentar-se na frente de uma televisão para assistir à Band todas as noites.
Um caminho totalmente contrário à mobilidade internáutica e que não faz sentido nos tempos atuais. É difícil arrancar o público das novelas globais e do circo do Ratinho para ficar duas horas grudado na quarta audiência do país. Gilberto Barros, que passou pela Band no mesmo formato, que o diga.
NÃO SE PAGA A CONTA COM SAUDOSISMO DOS ‘PERDIDOS DA NOITE’
Estou falando em conteúdo para dar sustentação ao Faustão, que pode se ver obrigado a colocar em risco a sua já cansada imagem por falta de criatividade diante das câmeras. Não se paga a conta com saudosismo dos ‘Perdidos da Noite’. A geração que consome é outra. Se o estupro era inevitável, seria preferível então ter quatro horas nas tardes de domingo e competir com a ausência do Silvio Santos. Outra: a Band já teve a oportunidade de ter diversos figurões globais — como Daniel Filho, Marlene Mattos e até mesmo a Leonor Corrêa (irmã do Faustão, trabalhamos juntos) — e que não aguentaram o rojão por falta de estrutura e visão competitiva da casa.
Veremos em quanto tempo todo esse investimento alcançará o break even — se ocorrer, evidentemente. Esse negócio de sociedade em horário numa grade de TV… é outra coisa que me lembra muito casamento que nasce na desconfiança no relacionamento. Tudo para dar errado.
A QUERIDA BAND TV NÃO PODE MAIS SOFRER COM ESSAS AVENTURAS
Oremos, pois a querida Band TV não pode mais sofrer com essas aventuras. Depois não digam que tentei avisar. A Band teria que se dedicar aos produtores independentes que nunca tiveram lugar ao sol na rede aberta e que hoje nadam de braçada no online. O investimento seria infinitamente baixo e o alcance inimaginável. Palavras de quem tem uma mínima vivência nos bastidores de uma gestão televisiva. Por Fernando Hessel, jornalista. CEO do America24h, nos Estados Unidos, tem MBA em Gestão de Novos Negócios e atua como “observador na Casa Branca” (Washington, D.C). Tem 30 anos de experiência profissional e conta com passagens em emissoras de TV como Band e SBT.