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Foto/Divulgação: Thiago Lontra

Representantes do setor da podologia pediram a inclusão dos profissionais na rede estadual de saúde.

No Dia Mundial do Diabetes, a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) realizou o 1° Seminário de Atenção Primária ao Pé Diabético para conscientizar e divulgar informações sobre a doença. O evento aconteceu nesta terça-feira (14/11), no plenário da Alerj, e contou com a presença de vários especialistas na área para debater o tema. Durante a reunião, o deputado Thiago Gagliasso (PL), responsável pela organização, informou que irá buscar a aprovação do Projeto de Lei (PL), 3668/2017, já em tramitação na Casa, que prevê a inclusão da podologia na rede estadual de saúde.

Segundo dados apresentados no seminário, o diabetes mellitus, doença causada pela falta de insulina no organismo, é um dos mais graves problemas de saúde pública. Já o pé diabético é uma série de alterações que podem ocorrer nos membros inferiores devido à enfermidade não controlada. De acordo com a Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV), no Brasil a cada dez minutos, uma pessoa é amputada pelo avanço da diabetes. Além disso, segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), 25% dos pacientes irão desenvolver algum tipo de lesão e 85% das amputações são antecedidas por essas úlceras.

O representante da Associação Carioca dos Diabéticos, Izidoro Flumignan, pontuou sobre a importância da efetivação de leis para o setor. Em 2021, foi aprovada pela Alerj a Lei 9336/21 (Lei da Hemoglobina Glicada) e a medida determina que os laboratórios de análises clínicas públicos e privados são obrigados a notificar à Secretaria de Estado de Saúde (SES) quando detectado a alteração da hemoglobina glicada em seus pacientes a fim de o Estado mapear a população com a doença e criar uma estratégia de atendimento. “A Lei da Hemoglobina Glicada é um instrumento moderno e o mais importante para a prevenção do diabetes, mas ela precisa funcionar. Por isso, hoje esse é o nosso pedido, que essa lei tão importante seja implementada pela Secretaria Estadual de Saúde”, afirmou.

Podologia previne amputações

Flumignan também aproveitou para solicitar ao Parlamento a aprovação do PL 3668/2017, que busca regulamentar o atendimento de podologia na rede estadual do Rio de Janeiro. “A Associação Carioca dos Diabéticos defende que os podólogos devem fazer parte da assistência básica de saúde, estando ao lado do médico e do enfermeiro. A podologia tem a capacidade de prevenir 70% das amputações de membros inferiores das pessoas com diabetes”, ressaltou o médico.

Thiago Gagliasso afirmou que levará à presidência da Alerj a solicitação de Flumignan para que o PL que estabelece a inclusão da podologia na rede estadual de saúde seja colocado em pauta no Plenário da Casa. Além disso, o parlamentar salientou que os calçados especiais para pessoas diabéticas possuem um custo médio de, aproximadamente, R$ 1 mil. Sendo assim, está estudando propor a isenção de impostos estaduais para este tipo de produto, a fim de torná-lo mais acessível à população em vulnerabilidade social.

“O diabetes é uma doença silenciosa e muito perigosa. A podologia é importante para a saúde do pé e, quanto mais cedo é feito o tratamento das lesões, maior é a chance de cura. Nós vamos dialogar com o presidente da Alerj para que possamos pautar este projeto na Casa. Além disso, os tênis preparados para pés diabéticos têm um custo muito caro. Estamos estudando a possibilidade de propor a isenção de impostos sobre esses calçados”, afirmou o parlamentar.

Luiz Carlos Pedreira, podólogo e fundador da Spé Medical Group, salientou a contribuição da podologia para prevenção do pé diabético. “O trabalho do podólogo em nível multidisciplinar é fundamental, porque, durante a consulta, o profissional vai checar todos os pontos do pé para verificar se tem alguma anomalia, alguma podopatia necessária de tratamento e até orientar esse paciente no seu dia a dia”, disse.

O cirurgião vascular, graduado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Adilson Mariz, também destacou a podologia como forma de prevenir lesões e até mesmo amputações provocadas pelo diabetes. “O paciente, na maioria das vezes, não sabe que é diabético ou, quando sabe, não entende as complicações que ele pode ter. O diabetes leva a uma alteração da sensibilidade, fazendo o paciente causar o dano e só perceber quando está se formando o abcesso. Esta é a causa mais comum da amputação. O trabalho do podólogo no cuidado das unhas, hidratação dos pés e verificação de feridas e deformidades consegue prevenir o avanço da doença”, disse o médico.

A enfermeira especializada no tratamento de feridas, Maria Regina Gonçalves, frisou a importância da conscientização do problema a fim de que os casos existentes sejam tratados o mais rápido possível. “A gente pede que o paciente verifique os pés todos os dias, mas, muitas vezes, é uma pessoa idosa, que não consegue chegar aos membros inferiores e possui a capacidade visual reduzida, apresentando dificuldade ao se autoexaminar. Essas pessoas geralmente não têm uma rede de apoio, uma família por perto, que poderia auxiliá-lo. É preciso que haja um profissional habilitado para fazer esse tratamento”, comentou a enfermeira.

Ação Social na Alerj

Após o seminário, a Alerj promoveu uma ação social com enfermeiros para atender e examinar os colaboradores e o público em geral. Foi oferecida a realização dos exames de aferição da glicemia e hemoglobina glicada e um questionário para avaliar se há tendência ou não à doença. Os enfermeiros examinaram ainda os pés e pernas dos participantes da ação e aproveitaram o momento para conscientizar e divulgar informações sobre o diabetes.

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