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Fotos/Divulgação

Líderes do movimento LGBTQIA+, personalidades da mídia e da vida política marcaram presença

O badalado lançamento para comunidade LGBTQIA+ aconteceu na ACASĂ matriarch Bistrot, no bairro da Lapa, na última sexta-feira 02 de agosto. O livro ‘Indianarae Siqueira – Uma Vida Em DesTransição’, pela Editora Metanoia contou com nomes de peso, entre eles, à capa produzida por Pamelah Castro, contra-capa por Camila Marins, introdução de Duda Salabert e orelha escrita por Erika Hilton, e ainda teve a presença do  advogado Nélio Georgini, do ator, escritor e roteirista, Rodrigo França, e o  desembargador Siro Darlan.

A ativista TransVestiGenere como se intitula Indianarae Siqueira,  e líder da CasaNem, conta sobre sua luta e revela que já foi detida e presa pela luta da causa LGBTQIA+. Em 1995, Indianarae teve os seios expostos por Jovana Baby (a matriarca do movimento trans e travestis do Brasil) em cima do trio da primeira parada LGBTQIA+ do país em Copacabana, quando também posou nua e foi capa da revista ‘Big Man Internacional’, uma espécie de playboy travesti da época.

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Proteção Internacional

 Foi também em 1995 que ela  fundou e passou a presidir o ‘Grupo Filadélfia de Travestis e Liberados’, passando a brigar oficialmente pela causa. Indianarae foi algemada em um poste por policiais em meio a um protesto, ela sofreu ameaças e sua casa foi invadida depois que a ONG que fundou conseguiu aprovar oficialmente no Brasil, pela primeira vez, o nome social nos prontuários médicos e que as travestis fossem internadas separadas ou em enfermaria feminina. 

 Devido às ameaças ela precisou deixar a cidade de Santos, onde morava, e logo depois o país, em 1998. Mediante os ataques contra a sua imagem, Indianarae  vive há 30 anos como uma pessoa exposta politicamente, estando  sob protocolo de segurança financiado por ONGs protetoras de direitos humanos.

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Lei de Nome Social

 Por conta da liberação do nome social nos prontuários, logo depois foi concedido a permissão para que os companheiros fossem considerados cônjuges, abrindo assim, margem para reconhecimento da união estável O nome social se tornou uma realidade e hoje as pessoas trans podem tanto usar só esse ou retificar todos os documentos com o nome escolhido. E as pessoas LGBTQIAPN+ tem direito a casamento e adoção. 

Em 2010, em uma audiência pública na ALERJ, sobre as agressões na parada LGBTQIA+ de Copacabana, o deputado Carlos Minc pediu atenção ao assunto depois dos questionamentos de Indianarae sobre falta de nome social no RJ .  A reivindicação tornou-se um decreto de ‘Nome Social’ no Rio de Janeiro.

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Prisão e julgamento

 Indianarae foi levada a julgamento oito vezes por ultraje público ao pudor ao expor os seios publicamente reivindicando o direito das pessoas trans à mudança de nome sem a obrigatoriedade de cirurgia ou processo judicial. O caso virou debate nas faculdades de direito do país, foi debatido na EMERJ e considerado um direto pelo STF.

 Agora, com a não marcação de gênero nos documentos, os pais não são mais obrigados a declarar gênero das crianças nascidas no Brasil. O que abre caminho de inclusão para as pessoas intersexo, uma das alegações de Indianarae, que comemora mais esse marco na luta pelos direitos LGBTQIA+. 

 “O movimento está lutando há 3 décadas pelo reconhecimento social das pessoas transexuais, travestis, não binárias e intersexo; as mais esquecidas da comunidade LGBTQIA+. Estivemos na linha de frente da luta pelos direitos LGBTQIA+ levando porrada na cara e sofrendo ameaças”, revela Indianarae, umas das pioneiras da manifestação a favor do reconhecimento por lei e direito.

Rebraca

 Em 2020 ela fundou a ‘Rebraca’ (Rede Brasileira De Casas De Acolhimento LGBTQIAPN+) da qual se tornou presidente com 25 casas no Brasil, que conseguiu junto com Symmy Larrat, Secretária Nacional LGBTQIAPN+ e o Ministro Silvio Almeida, a aprovação do projeto ‘Acolhe+’, do qual Indianarae Siqueira é madrinha. Através desse projeto, via TED n° 950403/2023, em parceria com a Fiocruz e Faetec, será destinado mais de 1 milhão e 300 mil reais para fortalecer as casas de acolhimento.

 Exibição em Cannes

 O longa-metragem ‘Indianara’ participou da mostra Acid (Association du Cinéma Indépendant pour as Diffusion) e teve sessões lotadas na Riviera francesa. Ao lado do longa-metragem ‘Dor e Glória’, do diretor espanhol Pedro Almodóvar, concorreu com mais 18 filmes ao prêmio’ Palma Queer’, dedicado a filmes com temática LGBTIA+.

 O Indianara teve três exibições em Cannes, com salas lotadas e contratos para rodar no circuito comercial. Ganhou vários prêmios em Festivais mundo afora, como a ‘Coruja de Ouro’, em Berlim, e no Brasil o ‘Coelho de Ouro’, do Festival Mix Brasil e também foi considerado pelo Festival de Cannes como um dos melhores filmes-documentário dos últimos anos. O filme continua sendo exibido e pode ser visto nas plataformas digitais e streaming.

Fonte: Rafel Gomes 

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