unnamed

Lúcia Xavier (à esq.) e Lia Manso, representantes de CRIOLA no Fórum. Foto/Divulgação

Lúcia Xavier, coordenadora geral e cofundadora de CRIOLA, participa, em Genebra, da 1ª Sessão do Fórum Permanente das Nações Unidas para as Pessoas Afrodescendentes. É a primeira vez que o órgão consultivo se reúne desde a sua criação, em 2021.

Durante discurso no Fórum, Lúcia chamou atenção para a constante violação de direitos de mulheres negras, cis e trans, nas Américas. A ativista cobrou a erradicação dessas violências e de seus impactos para que as futuras gerações tenham melhores condições de vida.

Qualquer declaração produzida deve estar articulada com os instrumentos e normas já alcançados, além de indicar a construção de mecanismos que efetivem os direitos e monitorem os acordos dos países para erradicação do racismo patriarcal cis hetero normativo”, finalizou.
Além de fazer recomendações aos vários órgãos da ONU, o Fórum também ficará responsável por monitorar progressos relacionados às atividades da Década Internacional dos Afrodescendentes.

Incidência internacional

No ano em que completa três décadas de atuação, CRIOLA ampliou participações em eventos internacionais em defesa dos direitos da população negra brasileira, especialmente das mulheres negras. Recentemente, esteve na 52ª Assembleia Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), no Chile, e na 27ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP-27), no Egito.

Ao lado de Geledés — Instituto da Mulher Negra, Comunidade Bahá’í do Brasil, Coalizão Negra por Direitos e Instituto Raça e Igualdade, Criola assinou relatório paralelo de subsídio para a recente sabatina do Brasil junto ao Comitê das Nações Unidas para a Eliminação da Discriminação Racial (CERD), também em Genebra, nos dias 16 e 17 de novembro. 

No parecer final publicado em 2 de dezembro, o CERD demonstrou preocupações quanto à implementação da Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial. Um dos destaques foi em relação ao “uso persistente de metralhadoras pesadas em áreas densamente povoadas durante incursões militarizadas em favelas, resultando na morte e ferimentos de civis predominantemente afro-brasileiros, incluindo mulheres grávidas e crianças”. 

Entre diversas recomendações, o comitê cobrou medidas para impedir o uso excessivo e letal da força por policiais e militares e ações imediatas para acabar com as graves violações contra os afro-brasileiros, além de expressar preocupação com a situação das mulheres negras e indígenas, “que são oprimidas pela interseção do racismo estrutural, da pobreza e do impacto negativo díspar da pandemia do COVID-19”.

Sobre Criola

Criola é uma organização da sociedade civil com 30 anos de trajetória na defesa e promoção dos direitos das mulheres negras e na construção de uma sociedade onde os valores de justiça, equidade e solidariedade são fundamentais. 

Para isso, Criola realiza denúncias do panorama do racismo e de seus impactos junto a órgãos brasileiros e internacionais. Além disso, a organização produz conhecimento e realiza pesquisas sobre o sistema de justiça e saúde da população negra, bem como monitora violações dos direitos de mulheres negras encarceradas.

A atuação de Criola também envolve o fortalecimento de redes de segurança para ativistas negras por meio de formação e suporte às defensoras de direitos humanos de todas as idades. Também promove iniciativas para enfrentamento ao racismo religioso junto a comunidades de terreiros de religiões de matriz africana.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *