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Professora Simone Gomes. Foto/Divulgação

Brincar com a Natureza e Cultura Indígena se unem nas aulas de Educação Física de uma professora de escola pública no Rio de Janeiro
Doutora em Memória Social, professora de Educação Física e psicomotricista, a professora Simone Gomes está trabalhando em suas aulas a temática sobre culturas indígenas na Escola Municipal Noel Rosa (Vila Isabel, RJ), para crianças na faixa etária de 6 a 12 anos, o que tem despertado muita curiosidade e receptividade dos alunos.


O Projeto sobre as culturas indígenas é desenvolvido através de jogos, brincadeiras, textos, debates, danças, músicas, composições plásticas, e estímulo à conexão direta com a natureza, onde as crianças, ao vivenciarem as experiências promovidas pelas aulas, vão percebendo as diferenças entre as culturas e aprendendo com os povos originários novos modos de perceber a vida.
Desta forma, afirma Simone, unindo às vivências a reflexão crítica sobre o que foi vivido, vamos desmistificamos as banalizações e estereótipos sobre os indígenas, ressaltando seus valores, seus costumes, suas lutas históricas e suas conquistas. “É um processo de sensibilização para que as crianças se conectem mais à natureza através do brincar, com diferentes elementos do próprio ambiente natural e, ao mesmo tempo, possam desnaturalizar sentidos de mundo a partir de novas referências culturais” ressalta.

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As crianças, ao valorizarem e respeitarem mais a natureza, aprendem que nas culturas indígenas a natureza é a base, a essência da existência. “As sociedades indígenas tradicionais têm um grande respeito pela vida, não são acumuladoras, só retiram da natureza aquilo que precisam e, sempre que possível, plantam e cultivam os recursos naturais”, lembra Simone.
De acordo com a professora, este interesse pelos indígenas e pelo fazer criativo via natureza foi despertado por sua própria história de vida, sempre próxima a ambientes naturais, e, também, a partir de cursos que fez com indígenas sobre a cultura indígena. “É um trabalho que me encanta levar esta temática tão importante para a formação de crianças na rede pública de educação. Os indígenas continuam sendo perseguidos diariamente, sofrem diferentes tipos de violações, e por isto é urgente que as novas gerações desenvolvam um novo olhar para a diversidade cultural, somando, com suas vozes, e com seus futuros votos, à luta pelos direitos dos povos originários.
“O Festival de Jogos e Brincadeiras Indígenas que estamos realizando não tem a preocupação competitiva de vencedores e vencidos, o que importa é a força do coletivo e o respeito ao outro, que é uma das bases das culturas indígenas tradicionais”, explica a professora.
Em cada conversa ou brincadeira, as crianças, às vezes, surpreendem a professora com perguntas do tipo: “Por que os índios preferem viver na floresta?” Com simplicidade, Simone responde: “É uma maneira de perceber a vida. Para os indígenas, a natureza é a mãe terra, pois ela dá a vida e permite viver. A natureza dá o ar que respiramos; a água que bebemos; os alimentos; o sol; a chuva; a proteção e os desafios; os remédios necessários para a cura; cada força da natureza é muito poderosa e venerada como deuses, então, tudo o que os indígenas consideram necessário, eles encontram ao viver na natureza, como parte da natureza”.

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Simone Gomes é psicomotricista membro da Associação Brasileira de Psicomotricidade; professora de Educação Física; já foi bailarina profissional formada pelo Teatro Municipal do Rio de Janeiro; atuou em companhias profissionais de dança contemporânea; trabalhou em televisão; foi professora de diversos cursos profissionalizantes de dança e de teatro; professora universitária; graduada em Comunicação Social, Mestre em Educação Física e Cultura; Doutora em Memória Social.


Para Simone, sua trajetória pessoal e profissional sempre esteve atrelada ao corpo, ao movimento, à natureza, à criação artística e à reflexão crítica social. Desde que começou a atuar em escolas públicas, vem somando à Educação Física uma relação mais próxima com a natureza, com a criatividade, a expansão de referências culturais e a formação de pessoas mais sensíveis, mais críticas e solidárias.
Em relação ao trabalho na Escola Noel Rosa, Simone ressalta que é um espaço que contribui bastante para esta proximidade com a natureza, pois a escola está situada dentro da área do Parque Recanto do Trovador, tombado pelo Patrimônio Histórico Cultural, e repleto de natureza ao redor.

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