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Foto/Divulgação: Luciana Carneiro

Município pode ter uma “moeda do clima” com objetivo de incentivar moradores a reduzir emissão de carbono.

A Prefeitura de Niterói lançou, neste sábado (11), o Programa Social de Neutralização de Carbono na Comunidade do Caramujo. O projeto, que vai iniciar no entorno do Parque Esportivo e Social do Caramujo (Pesc), na localidade conhecida como Igrejinha, vai capacitar os moradores para agirem de forma ativa no processo de redução de emissões de gases de efeito estufa (GEE) na cidade. Dentre as medidas estão o plantio de mudas e orientação às comunidades sobre meios de reduzir o carbono através de palestras e oficinas. O lançamento do programa fez parte do Sabadão do Pesc, que também contou com uma programação especial com atividades de esporte, música e ações ambientais e culturais.

O prefeito de Niterói, Axel Grael, ressaltou que o Brasil tem tudo para ser um país protagonista que cumpre seu papel com sustentabilidade e com responsabilidade.

“Temos a emergência de transformarmos as ideias em ações práticas. Esse lugar é muito simbólico. O Caramujo tem o mais baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da cidade e é um bairro que vem recebendo obras de infraestrutura e de resiliência climática. Trouxemos para cá esse equipamento esportivo para fazer com que a garotada tenha oportunidade de desenvolver talentos seja no esporte, cultura ou cidadania e agora trazemos para cá ações práticas de implementação de uma política climática que estamos desenvolvendo em Niterói. Essa ação também faz um trabalho de educação e de conscientização para uma geração de cidadãos que vai se preocupar com a situação climática e com a sustentabilidade e pretendemos fazer com que a ação climática seja uma oportunidade de renda para essa população. Queremos ter o papel e o protagonismo de fazer essas ações aconteçam na prática”, disse o prefeito.

Axel citou ainda o trabalho que o governo municipal vem fazendo na cidade como a despoluição da Lagoa de Piratininga, de fazer Niterói uma cidade de referência como cidade amiga da bicicleta com a ampliação e criação de novas ciclovias como meio de transporte limpo e a ação de renaturalização do Rio Jacaré. “Niterói tem um acúmulo de ações e de discussões em relação aos temas ambientais. Por isso, queremos fazer com que a experiência de Niterói ajude a mobilizar outras cidades também”, declarou o prefeito.

Foto/Divulgação: Luciana Carneiro

O Programa Social de Neutralização do Carbono tem como objetivo promover o debate acerca das mudanças climáticas em comunidades de baixa renda e se expandir para outras localidades, atingindo toda a cidade como forma de envolver todos os cidadãos com ações concretas de redução de emissões de gases de efeito estufa. Participaram do lançamento, os secretários Luciano Paez (Clima) e Anderson Pipico (Participação Social), os subsecretários Allan Cruz (Meio Ambiente e Recursos Hídricos) e Maicon Carlos (Assistência Social e Economia Solidária), além dos representantes das concessionárias Águas de Niterói e Enel, além de Ivan Mello (secretário do Meio Ambiente e Agricultura de Salvador).

Luciano Paez, secretário do Clima de Niterói, destacou a ideia de que hoje se começa um novo marco na cidade e contou que este é um projeto desafiador e precisa da parceria e da participação social, mas que já está ganhando visibilidade internacional.

“Esse é um projeto que nasceu na construção coletiva desse pensamento dentro da comunidade. A ideia é promover ações socioeconômicas na captação do remendo frente a eventos extremos. Todos nós já estamos sendo afetados pelos eventos extremos com chuvas fortes, estiagens, chuvas de granizo e provavelmente esses eventos ocorrerão cada vez mais vezes e nosso objetivo é adaptar a cidade e acolher melhor a população mais vulnerável. Vamos iniciar o projeto no entorno do Pesc, chamado de Igrejinha. Esse processo é complexo, mas é fundamental que seja iniciado. A primeira etapa já começa em junho e julho com a capacitação das famílias para dar o start no mês de agosto. Vamos desenvolver premiações ao longo do projeto para famílias que alcançarem as mitigações na redução do carbono seja com plantio, separação de seus resíduos ou compostagem. É um processo amplo e de desenvolvimento que nasce no Caramujo com o objetivo de ser levado para todas as comunidades de Niterói”, explicou Luciano.

O secretário contou do projeto que será levado para votação na Câmara de Vereadores que vai promover uma forma de premiação aos moradores que atingirem percentuais de redução de CO2 em suas casas. O projeto está sendo desenvolvido em parceria com a Secretaria de Assistência Social e Economia Solidária para que o crédito seja pago em Arariboia.

Segundo o secretário, Niterói terá a primeira moeda do clima do país, em parceria com a Moeda Social Arariboia. A ideia é criar um banco local que vai organizar todas as etapas do processo e transformar o recurso em Arariboia. A premiação será dividida em quatro áreas: mobilidade, energia, resíduo e compensação e pode variar de R$ 250 a R$ 750.

O secretário do Núcleo Executivo do Baldeador, Caramujo, Santa Bárbara e Maria Paula, Otto Bahia, conta da importância de existir equipamentos como o Parque Esportivo e Social do Caramujo.

“Se tivéssemos projetos como esse espalhados pelo estado do Rio de Janeiro, não viveríamos momentos como o que vivenciamos atualmente e isso foi graças ao governo que acreditou na possibilidade de fazer esse espaço. Aqui era um problema social do bairro e da cidade e hoje temos 1.200 pessoas no projeto entre crianças e adultos e vamos mudar essa situação sem ceifar uma vida, porque geramos oportunidade. Em pouco tempo já temos resultados no esporte, as mudanças estão acontecendo e aos poucos vamos mudar a história desse bairro. O Caramujo ser o primeiro bairro do mundo a receber esse projeto de redução de carbono é um grande privilégio. Quero externalizar aos moradores a importância dessa escolha e que possamos comprar essa ideia do meio ambiente. Niterói está na contramão, trazendo para as áreas periféricas essa oportunidade porque são as áreas que mais sofrem com as mudanças climáticas. Tivemos, em 2010, um triste histórico onde morreram 16 pessoas. A comunidade, de lá para cá, já recebeu grandes intervenções, contenções de encostas, e estamos conquistando muitas melhorias para nosso bairro. A única forma que temos de evitar isso é cuidando do meio ambiente porque as mudanças climáticas já estão ocorrendo”, declarou Otto.

O evento reuniu representantes de diversas secretarias e órgãos municipais, do Fórum de Juventude, participantes da Conferência do Clima de cidades como Manaus, Recife, Porto Alegre, Rio de Janeiro e Salvador, de empresas parceiras como Enel, Águas de Niterói, além dos moradores e crianças que participam dos projetos do Pesc.

“É um grande prazer estar aqui para conhecer essa comunidade e esse projeto. O Instituto Ethos trabalha com empresas com responsabilidade social e viemos participar da Conferência do Clima na cidade. Niterói tem sido um grande parceiro nessa caminhada e talvez vocês não tenham ideia da referência que vocês são nacional e internacionalmente na transição de uma sociedade de baixo carbono de uma forma justa, sustentável com grande articulação entre diferentes secretarias, olhando a questão climática de forma séria e comprometida e não é todo dia que vemos isso. Estamos saindo daqui muito impactados com tudo que estamos vendo”, disse Marina Ferro, representante do Instituto Ethos.

A atividade é uma parceria com as Secretarias de Meio Ambiente e Recursos Hídricos e Sustentabilidade, Conversação e Serviços Públicos, Habitação e Regularização Fundiária, Assistência Social e Economia Solidária, Clima, Defesa Civil e Geotecnia, Participação Social, Desenvolvimento Econômico e Clin. O evento também conta com a parceria da Viva Rio, Águas de Niterói, Enel e o Centro de Pró-Melhoramento do Caramujo.

O sábado contou ainda com diversas atividades educativas, ambientais e culturais no Parque Social e Esportivo do Caramujo e premiou todas as crianças que participaram das ações.

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