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Foto/Divulgação: Bruno Eduardo Alves

Projeto resgatou material inédito fruto do trabalho do cinegrafista Esdras Baptista, entre as décadas de 1940 e 1980, e criou base de dados

Coberturas jornalísticas, shows, movimentos estudantis, protestos e imagens de políticos históricos do Brasil entre as décadas de 1940 e 1980. São filmagens sobre esses momentos – e outros com tanta importância histórica – que fazem parte da Coleção Esdras Baptista, que foi lançada nesta terça (25) na Sala Nelson Pereira dos Santos.  A coleção faz parte do acervo cinematográfico do Laboratório Universitário de Preservação Audiovisual da Universidade Federal Fluminense (Lupa-UFF) e só foi possível ser catalogada por conta do incentivo da Prefeitura de Niterói, por meio do Edital de Fomento ao Audiovisual, da Secretaria Municipal das Culturas. É possível acessar a base de dados pelo site www.esdras.lupa.uff.br.

“O acervo é um patrimônio cultural de grande valor, trazendo ao público registros inéditos da história do país”, afirma o secretário das Culturas, Alexandre Santini. “É muito gratificante ver os resultados das políticas públicas da Prefeitura de Niterói, que dão retorno significativo em projetos que são estratégicos para a memória e identidade do Brasil, garantindo o direito à cultura para todos”.

Foto/Divulgação: Bruno Eduardo Alves

Rafael de Luna, coordenador do Lupa, destaca que a coleção Esdras Batista foi recebida como doação em 2019, que ampliou muito o acervo do Laboratório.

“É a maior coleção que a gente tem. A neta dele doou o acervo que estava encaixotado há anos na casa onde ele morou, no subúrbio do Rio. Quando começamos a abrir o material foi uma surpresa! A Coleção tem filmes científicos, cobertura de imprensa para a televisão, mas filmada em película antes do vídeo-tape, além de documentários, imagens de protestos, passeatas… Por exemplo, no material há imagens inéditas da Passeata dos 100 mil, que ele filmou EM 1968”, explica Rafael.

De acordo com de Luna, quando surgiu a oportunidade do Edital de Fomento ao Audiovisual, a equipe já tinha feito uma separação inicial do material e criou um projeto, que foi selecionado na categoria pesquisa. A partir da concessão dos recursos, foi feita a catalogação, limpeza e o acondicionamento das latas, para que fosse iniciado o processo de digitalização do catálogo para a criação da base de dados.

“É um acervo riquíssimo! E essa base de dados vai permitir que qualquer um saiba o que tem no acervo. Tem muitas coisas preciosas, interessantes e em grande parte inéditas, como filmagens de políticos, de artistas, de acontecimentos, quase tudo em formato de documentário”, conta.

Outro detalhe sobre o acervo é que praticamente todo o material foi filmado em 16mm, formato muito comum no período em que foram feitos, mas bem raro ultimamente.

Foto/Divulgação: Bruno Eduardo Alves

Sobre Esdras Baptista – O cinegrafista alagoano Esdras Coelho Baptista nasceu em 1923, em Maceió. Mudou-se ainda criança para o Rio de Janeiro, onde morou até o final da vida, em 1988. Seu primeiro emprego como fotógrafo foi no jornal oficial do Partido Comunista do Brasil (PCB), A Classe Operária, em 1946. Foi nessa época em que Esdras realizou suas primeiras filmagens, amadoras e profissionais, em 16mm. Com pouco mais de trinta anos de idade, sua carreira já tinha se voltado completamente para a função de repórter cinematográfico, assumindo esse cargo posteriormente na Prefeitura do Rio de Janeiro – que, na época, era a capital do Brasil – e mais tarde no Ministério da Previdência Social, fazendo filmes científicos, cobertura de imprensa para televisão. Foi cinegrafista da TV Rio, nos anos 1950, quando filmou os principais eventos políticos do Brasil e do Rio de Janeiro, registrando imagens de políticos como Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek, Carlos Lacerda, Leonel Brizola, entre outros. Além de inaugurações, obras e cerimônias públicas, filmou atletas e celebridades, registrando desfiles de misses e o retorno ao Brasil dos campeões da Copa do Mundo de futebol de 1958. Não apenas filmou a visita de Fidel Castro ao Rio de Janeiro em 1960, como viajou à Cuba no ano seguinte. Ainda no início dos anos 1960, tornou-se cinegrafista correspondente de canais de televisão americanos, como o Columbia Broadcasting System, para o programa CBS News. Durante as décadas de 1970 e 1980, por conta própria, filmava movimentos estudantis, shows e o trabalho de diversos artistas plásticos.

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