Uma pesquisa da organização Gênero e Número, com apoio da Fundação Ford, indica que, a cada dez pessoas do público LGBTQIAPN+, seis são agredidas verbalmente ou fisicamente pelos próprios parentes. Nesta sexta se comemora o Dia do Orgulho, e o dado lança luz sobre os perigos que lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e travestis correm diariamente no país.
“Junho é um período importante para aprofundarmos a compreensão sobre ser uma pessoa LGBTQIAPN+ no Brasil. Isso porque, nascer com uma orientação sexual que não seja heteronormativa ou com uma identidade de gênero diferente daquela biológica, coloca sobre nós um alvo de todo tipo de violência. Somos expulsas de casa, apanhamos nas nossas próprias casas da nossa família, somos vítimas de assédio de todas as maneiras, temos dificuldade em conseguir emprego e, principalmente, somos violentadas nas escolas”, alerta a professora Lívia Miranda, dirigente nacional da União Nacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (UNALGBT).
Um exemplo da invisibilidade dessa população é que, no Censo de 2022, não houve coleta de dados sobre essas pessoas. Somente após o resultado da pesquisa é que se planeja buscar informações pela PNAD contínua.
O grande problema é que, sem informações, não há políticas públicas: “Quem sobrevive a tudo isso carrega em si marcas de muitas histórias. Grande parte de nós não consegue resistir e é lamentável saber que não temos nenhum mecanismo oficial de mapeamento da violência, nem dos dados da nossa população no Brasil. Apenas iniciativas não-governamentais que integram o movimento social que se predispõe e mapear essas informações”.
A Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT) informou que cerca de 20 milhões de brasileiras e brasileiros (10% da população) se identificam como pessoas LGBTQIAPN+.
“É inadmissível normalizarmos a violência contra pessoas em virtude da sua identidade de gênero ou da sua manifestação de afeto. Por isso é fundamental lutar por uma educação inclusiva em todos os seus aspectos, um atendimento na saúde, uma assistência para as pessoas que perdem seus lares por violência familiar. Tudo isso significa defender a vida”, ressalta Lívia.
Fonte: Marcos Vinícius