Depressão, suicidio

Desde o primeiro decreto de distanciamento social no Rio de Janeiro, há quase dois meses, a tesoureira Sandra Bezerra está fazendo home office. Com histórico de síndrome do pânico e depressão, ela conta como esse período tem impactado na sua saúde mental. Como Sandra, outras tantas pessoas estão vivenciando o sofrimento psíquico diante das inúmeras perdas, não apenas de entes queridos, que cada um teve durante o período. Os efeitos do impacto desses quase dois meses do isolamento na saúde mental das pessoas foram analisados em uma pesquisa da Universidade Estadual do Rio de Janeiro. O estudo abrangeu outros oito estados e aponta um cenário preocupante. Os resultados mostram que os casos de depressão praticamente dobraram, enquanto as ocorrências de ansiedade e estresse tiveram um aumento de 80% no período. De acordo com o estudo, o sofrimento psíquico é maior nas pessoas que precisam sair de casa para trabalhar. As mulheres são mais propensas do que os homens a sofrer com estresse e ansiedade durante a quarentena.
A pesquisa foi realizada pelo Laboratório de Neuropsicologia Cognitiva e Esportiva da Uerj, em parceria com o Yale New Haven Hospital, nos EUA. Mais de 1,4 mil pessoas em 23 cidades de todas as regiões do país responderam a um questionário on-line com mais de 200 perguntas. A aplicação ocorreu em dois momentos: logo após o início da vigência do decreto com medidas restritivas do Rio, no dia 16 de março, e cerca de um mês depois.
De acordo com o professor Alberto Filgueiras, do Instituto de Psicologia da Universidade, responsável pelo estudo, o aumento dos indicadores de sofrimento mental entre os participantes com o avançar da quarentena foi considerável. Filgueiras explicou porque esse período pode ser mais cruel para quem não tem como parar, como os profissionais de saúde, motoristas, entregadores e outros trabalhadores das áreas essenciais.
O professor Alberto Filgueiras orienta que o momento é de evitar mudanças e não inventar coisas novas. Ter cautela no uso da internet, redes sociais, onde pipocam apelos para atividades diversas também pode ajudar a se manter em equilíbrio.  A pesquisa revelou que mais de 50% dos entrevistados disseram que recebiam informação de forma excessiva.
A psicóloga e coordenadora do site A Chave da Questão, Fátima Marques, é testemunha de como o adoecimento psíquico tem sido significativo. Com a colaboração de outros profissionais, Marques resolveu disponibilizar atendimento gratuito online na plataforma. A ideia inicial era oferecer psicoterapia, no entanto, a procura foi tamanha, que o serviço precisou ser adaptado para a modalidade de acolhimento, uma escuta terapêutica.
O site já atingiu um 1,5 milhão de acessos. Atualmente a plataforma atende a mais 3 mil chamados de pacientes por semana.  A psicóloga também confirma que as queixas dos pacientes mudaram com o passar do tempo no isolamento.
A psicóloga Fátima Marques deu uma outra dica importante. Ela explica que cada um está vivendo perdas que se assemelham ao luto, e que é preciso respeitar esse momento, sem muitas exigências. Além do site A Chave da Questão, que continua aberto para aqueles que precisarem de acolhimento, há inúmeras iniciativas espalhadas pelo país para atendimento gratuito online por psicólogos e outros profissionais de saúde nesse período de Pandemia. Fonte: EBC

 

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