Passar pelo tratamento contra o câncer de mama pode trazer consequências maiores do que o esperado. Estudos afirmam que um dos principais efeitos colaterais da quimioterapia envolve a redução da reserva de óvulos, ocasionando à menopausa precoce, a insuficiência ovariana e, consequentemente, a dificuldade de engravidar. Entretanto, há casos em que as pacientes conseguem realizar o sonho de ser mães sem riscos ao bebê ou da doença voltar, como aconteceu com Joice Martins, de 32 anos, moradora da Trindade e uma das centenas de mulheres pacientes do Espaço Rosa que já passaram pelo tratamento contra o câncer.
“Foi uma grande surpresa quando descobri que estava com câncer e, depois, que não poderia ser mãe. Tudo começou quando há 2 anos, aos 30 anos, descobri durante o banho um caroço no meu seio direito. Fui ao médico e, mesmo ser ter casos genéticos na família, se tratava de um nódulo maligno, o que pegou a mim e meus familiares de surpresa e muita tristeza. Comecei o tratamento fazendo a retirada através da cirurgia do tumor e me foi receitado quimioterapia e radioterapia. Nesse período fui informada que dificilmente seria mãe, visto que o tratamento contra o tumor também afeta os hormônios femininos, em alguns casos levando a paciente à menopausa precocemente. Nunca deixei de acreditar na minha recuperação, mesmo passando por muitas dificuldades, concluí as sessões de quimioterapia e radioterapia em outubro de 2018. Durante meu tratamento tive muito apoio do grupo Unidas pela Vida que me acolheram com todo carinho e me deram força. Recebi uma peruca feita do meu próprio cabelo doada pela Patrícia Silva, a coordenadora, e em dezembro, sem nenhum tipo de reposição hormonal, recebi a notícia que estava grávida através de uma ultrassonografia no Espaço Rosa. Depois de muita luta, eu venci a doença e no último dia 22 de setembro de 2019, tive a felicidade de conceber meu filho, Erick, na maternidade Dr. Mario Niajar, no qual fui muito bem recebida. Graças a Deus e esse projeto maravilhoso do Espaço Rosa que hoje estou aqui feliz e com meu filho nos braços”, conta Joice. De acordo com dados divulgados pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca), o câncer de mama é o segundo que mais acomete mulheres no país. Para 2019, foram estimados 59.700 casos novos, o que representa uma taxa de incidência de 51,29 casos por 100 mil mulheres. No Espaço Rosa, unidade municipal gonçalense destinada à saúde da mulher, cerca de 15 pessoas recebem o diagnóstico de câncer, semanalmente, após o resultado da biópsia. A partir disso, a coordenadora da unidade, Patrícia Silva, promove diversas ações de solidariedade e apoio psicológico para centenas de portadores da doença. “Essa fase é muito difícil para nós mulheres, porque descobrir que temos uma doença grave não é fácil, ainda mais que vai afetar muito nosso cotidiano. Acompanho cada paciente e a autoestima vai lá embaixo. Portanto, faço sempre atividades de forma que animem minhas pacientes. Criei o grupo Unidos Pela Vida, que hoje conta com mais de 408 pacientes, para agregar mulheres em vários estágios de tratamento, até quem já se curou, que trocam experiências, desafios diários e desabafos. Meu objetivo é mostrar que esse sofrimento é passageiro e se tornarão ainda mais bonitas depois dele. O caso da Joice é um exemplo de superação e felicidade que uma doença não foi capaz de ultrapassar”, explica Patrícia. Joice Martins ainda complementa que a vida não para após o câncer e, como na sua situação que ficou grávida, afirma que muitas coisas maravilhosas podem surgir após esse período e aconselha todas as mulheres. “O meu caso mostra que independente de não possuir casos genéticos e ter menos de 40 anos, não nos torna imunes ao câncer de mama. Espero que minha história sirva para que outras que estão em tratamento, não percam a esperança de recuperação e para que todas as mulheres se cuidem e façam exames periódicos, pois o câncer tem tratamento e sua vida vai continuar após ele”, declara Joice.