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Fotos/Divulgação: Renan Otto

Iniciativa é da Secretaria de Assistência Social de São Gonçalo

Um projeto que dá autonomia e eleva a autoestima do idoso. Assim pode ser definida a oficina de letramento e alfabetização desenvolvida no Centro de Referência Especializado à Pessoa Idosa (CERPI), equipamento vinculado à Secretaria de Assistência Social da Prefeitura de São Gonçalo, no bairro Jardim Catarina. 

Apesar da taxa de analfabetismo no Brasil ter caído, ainda é grande o número de idosos analfabetos. Mais de 5 milhões de pessoas com mais de 60 anos não sabem ler e escrever no país, segundo dados recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). 

O município de São Gonçalo vem desenvolvendo um trabalho sério e assertivo de letramento que já está mudando a vida de muitos idosos que são atendidos pela equipe do CERPI. 

“De todos os grupos que temos no espaço, esse da turma da alfabetização e do letramento é um dos mais efetivos que dão autonomia e autoestima da pessoa idosa. São idosos que viveram a vida toda se adaptando à condição de não saber ler e escrever, e a partir do momento que eles começam a identificar as palavras, a escrever o próprio nome, percebemos que eles começam a se sentir donos de si, donos da própria vida, que não vão mais precisar da ajuda de ninguém para ler algo, por exemplo. É grandioso ver o resultado desse trabalho, aquece nosso coração”, declarou Cinthia Weber, coordenadora do espaço.

A pedagoga do CERPI, Marcele Montezano, pós graduada em Psicopedagogia, desenvolve com os idosos um ensino leve através de ensinamentos que eles já conseguem identificar no dia a dia. Atualmente, a turma conta com 21 alunos, que têm aulas todas as segundas pela manhã na unidade. 

Fotos/Divulgação: Renan Otto

“Atualmente, estamos trabalhando muito com rótulos, seja de alimentos ou objetos que eles têm acesso no cotidiano. Usamos receitas de bolos, letras de músicas antigas, receitas médicas e, com isso, vamos elaborando atividades de junção de sílabas, sequência das letras, entre outras coisas. É um trabalho muito desafiador porque percebo que cada um tem a sua individualidade, mas é muito gratificante”, disse a pedagoga. 

A turma é cercada de histórias de superação e inspiradoras. Morador do Jardim Catarina, José Paulino André, de 76 anos, sofreu três AVCs (acidente vascular cerebral) e perdeu a mobilidade para escrever. 

“Tenho momentos inesquecíveis no CERPI. Além da professora ser excelente, fui muito bem acolhido pelos meus colegas. Depois do AVC tive que reaprender muitas coisas, e com essas horas que passo aqui, sinto que estou voltando a viver”, afirmou o idoso. 

Já Maria Isabel Santos, de 70 anos, não tinha tido a oportunidade de frequentar uma sala de aula até conhecer a turma de letramento e alfabetização do CERPI. 

“Nunca tive a chance de dar preferência aos estudos, sempre tive que trabalhar ou cuidar da família. Agora, aos 70 anos, pude me colocar em primeiro lugar e tem sido ótimo. Sei que vai demorar, mas eu vou aprender a ler e escrever, não tenho dúvida disso”, disse Maria Isabel com lágrimas nos olhos. 

O Centro de Referência Especializado à Pessoa Idosa atende a mais de 600 pessoas por mês. Formado por uma equipe multidisciplinar com psicólogo, assistente social, pedagogos e educadores, o equipamento oferece aula de alfabetização, rodas de conversa e oficinas que estimulam a mente e o corpo. 

Idosos acima de 60 anos que tiverem interesse em participar das atividades oferecidas no CERPI podem ir até a unidade, que fica na Av. Dr. Albino Imparato, 1.501, no Jardim Catarina, e solicitar a ficha de inscrição.

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