No dia 11 de outubro, foi celebrado o Dia Nacional da Luta contra a Obesidade, uma data que reforça a importância da prevenção e do combate à obesidade infantil no Brasil. Segundo dados recentes, a prevalência de obesidade entre crianças triplicou nos últimos 30 anos, transformando-se em uma preocupação crescente para pais, educadores e profissionais de saúde. A obesidade infantil não só afeta a saúde física, mas também impacta o bem-estar mental e o desenvolvimento social das crianças.
De acordo com o pediatra Claudio Ortega, de Niterói, “a obesidade infantil tem múltiplas causas, como hábitos alimentares inadequados, sedentarismo e até questões emocionais. Não é apenas um problema de estética, mas de saúde, com sérias repercussões ao longo da vida”. Ele destaca que o papel da família é crucial neste cenário. “Crianças com hábitos saudáveis em casa, como refeições balanceadas e momentos para atividades físicas em família, tendem a se manter no caminho do peso saudável”.
O Brasil vive uma verdadeira crise de saúde infantil: 1 em cada 3 crianças entre 5 e 9 anos está acima do peso, de acordo com o Ministério da Saúde. “E a pandemia de COVID-19 teve um impacto significativo no aumento da obesidade infantil no Brasil”, destaca Ortega. De acordo com dados do Observatório de Saúde na Infância (Observa Infância), vinculados à Fiocruz, em 2022, 14,2% das crianças brasileiras com até 5 anos estavam com excesso de peso, enquanto entre adolescentes esse número chegou a 31,2%. Esses índices são alarmantes, principalmente quando comparados à média global, que foi de 5,6% para crianças e 18,2% para adolescentes no mesmo período. A combinação de sedentarismo, fechamento de escolas e maior consumo de alimentos ultraprocessados durante o isolamento social contribuiu para o agravamento dessa situação.
E o impacto disto é profundo. Além do aumento do risco de doenças crônicas, como diabetes tipo 2 e hipertensão, a obesidade infantil também tem sido associada a problemas psicológicos, como baixa autoestima, ansiedade e depressão. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que crianças e adolescentes pratiquem ao menos 60 minutos de atividade física por dia. No entanto, 3 em cada 4 adolescentes brasileiros não atingem essa meta.
“A falta de exercício regular pode prejudicar o desenvolvimento ósseo e muscular das crianças, além de afetar a coordenação motora e aumentar o risco de doenças graves na vida adulta”, explica o Dr. Claudio.
Impacto da Tecnologia no Sedentarismo
Um dos fatores agravantes é o uso excessivo de telas, um problema amplamente discutido nos últimos anos. O Dr. Claudio alerta que “o tempo prolongado em frente a celulares, tablets e videogames não apenas contribui para o sedentarismo, mas também agrava a dificuldade das crianças em socializar e participar de atividades ao ar livre. Isto afeta diretamente a saúde física e mental”.
Os problemas decorrentes da obesidade infantil são vastos e requerem tratamento urgente para evitar que o quadro siga para a adolescência e vida adulta. Abaixo, o médico descreve alguns deles:
Doenças crônicas: aumento do risco de diabetes infantil e também do tipo 2 na idade adulta, doenças renais, doenças cardiovasculares, entre elas aterosclerose, hipertensão arterial sistêmica, infarto agudo do miocárdio e acidentes vasculares cerebrais.
Problemas de desenvolvimento: afetam os ossos, músculos, articulações e a coordenação motora;
Saúde mental: maior risco de ansiedade, depressão e baixa autoestima;
Distúrbios do sono: dificuldades em manter uma boa qualidade de sono;
Problemas sociais: isolamento e dificuldades em fazer amizades.
A boa notícia é que há maneiras de combater estes problemas. A família desempenha um papel essencial na criação de hábitos saudáveis. O pediatra recomenda: “Pais devem ser exemplos para seus filhos, participando de atividades físicas e tornando a alimentação saudável um hábito diário”. Além disso, ele reforça a importância de transformar o exercício físico em algo prazeroso, como brincadeiras ao ar livre, passeios de bicicleta e esportes coletivos. Essas atividades, segundo ele, são fundamentais para o desenvolvimento saudável da criança.
Com uma alimentação equilibrada, redução do tempo de tela e atividades físicas diárias, é possível garantir que as crianças cresçam de maneira saudável, evitando complicações futuras. “É uma luta que todos precisamos abraçar – pais, escolas e a sociedade como um todo – para garantir que nossas crianças tenham um futuro mais saudável e feliz”, finaliza Ortega.
Fonte: Priscila Correia