
Instalação de booster na Zona Norte. Foto/Divulgação
Até junho, Águas do Rio contará com 37 boosters para reforçar abastecimento em vários bairros
Imagine precisar tomar banho no trabalho e ainda carregar latões de água para casa? Durante anos, essa foi a rotina de Geralcino Silva, de 86 anos, morador da Rua Guatemala, na Penha Circular. O abastecimento só ficou regular na sua residência depois que a Águas do Rio implantou 22 unidades de bombeamento em bairros da Zona Norte carioca. As bombas, ou boosters, como também são chamadas, ajudam a água a chegar com mais força a imóveis localizados em regiões mais altas.
A medida beneficiou cerca de 145 mil moradores de toda a Zona Norte, e esse número deverá aumentar para quase 200 mil quando a concessionária colocar em funcionamento, ainda no primeiro semestre deste ano, 15 novas bombas na região. Moradores de Irajá, Ramos, Parada de Lucas, Brás de Pina, Cordovil, Marechal Hermes e Ilha do Governador, entre outros bairros, serão beneficiados com os novos equipamentos.
“A água sempre foi um problema para nós, moradores. Quando caía, não era suficiente para encher as caixas, nem usando bomba caseira. Agora vem com força. Não tenho do que reclamar. Nunca mais precisei tomar banho de caneco ou no trabalho”, diz Geralcino.
As obras na Zona Norte do Rio fazem parte do compromisso da Águas do Rio com o Marco do Saneamento Básico e a universalização do acesso à água tratada e à coleta de esgoto. O plano estipula o prazo de 2033 para que 99% da população brasileira tenha acesso à água tratada e 90% à coleta e ao tratamento de esgoto.
Fim do sufoco na Abolição
Quem já desfruta do abastecimento regular de água garante que a vida mudou. É o caso do motorista Hélio Luiz Correa, que mora há quatro décadas na Rua Mário Carpenter, na Abolição. Período, segundo ele, marcado pelo sufoco de não saber quando a água chegaria.
“Fazia tempo que esperávamos por essa solução, que finalmente chegou. Antes da obra, nunca sabíamos quando a água entraria (no imóvel). Já cheguei a ficar 17 dias sem uma gota sequer. Agora, isso ficou no passado e, finalmente, temos água de maneira regular em casa”, conta.
Segundo Fábio Dias, gerente de Operações da Águas do Rio, as ações na região foram executadas em caráter emergencial.
“Implantamos um novo sistema de bombeamento no cruzamento das ruas Abolição e Mário Carpenter. O objetivo era garantir um fluxo contínuo de água para a região, proporcionando mais estabilidade e eficiência no serviço”, explicou.
O esforço das equipes da concessionária produziu um resultado que surpreendeu os próprios moradores: em apenas 72 horas, o abastecimento foi regularizado. “A Águas do Rio resolveu em três dias o que esperamos por mais de 30 anos”, diz Hélio Correa.
Estudos apontam locais para obras
De acordo com a empresa, a escolha das localidades para a instalação das unidades de bombeamento atende a critérios de um estudo técnico, que apontou algumas ruas da Zona Norte que demandam maior pressão no sistema.
“O objetivo das obras é assegurar que moradores desses locais não sofram mais com a água fraca. Os boosters auxiliam no transporte da água pelas tubulações, principalmente para as regiões mais altas, que exigem mais esforço da rede. Sabemos que mais água nas torneiras é sinônimo de bem-estar e qualidade de vida, e proporcionar isso para a população é nossa prioridade”, garante Fábio Dias.
Uma nova vida
Moradora do bairro do Sampaio há 13 anos, Fátima Ferreira, de 48 anos, festeja que a água fraca não será mais um obstáculo para cumprir tarefas domésticas.
“Aqui no prédio, subiam apenas 3 mil litros de água para oito apartamentos, o que nos obrigava a criar um esquema de rodízio. A cada dia, apenas um apartamento podia ligar a máquina de lavar roupa. E assim sobrevivíamos. Depois que instalaram a bomba aqui na rua, a água começou a chegar com pressão boa, e eu não passo mais pelas dificuldades que enfrentei no passado”, comemora.
As unidades de bombeamento são cruciais para essa população. Nascido e criado em Vigário Geral, o aposentado Luís Antônio Alves, 57 anos, relata o histórico de problemas no abastecimento e a esperança de que o novo sistema normalize o fornecimento também para moradores de outros bairros.
“Na vila onde moro tem muitas casas. Quem tem cisterna ou caixa d’água conseguia enchê-las e armazenar água, mas quem não tem enfrentou muito sufoco. Acompanhei o trabalho de instalação da bomba pela Águas do Rio no final de 2023 e desde então esse problema crônico foi finalmente resolvido”.
Fonte: Bianca Carvalho, Livia Andrade e Cláudia Freitas