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Foto/Divulgação/Piper

Foram identificadas 726 categorias. Algumas estão ameaçadas de extinção como tartarugas e pássaros como o gavião-pombo-pequeno 
Após um ano de pesquisas, a Prefeitura de Niterói concluiu o Inventário Faunístico da Bacia Hidrográfica da Enseada de Jurujuba. Foram identificadas 726 espécies. Algumas estão ameaçadas de extinção como as tartarugas. O estudo ressalta a importância da região como um habitat para uma fauna rica e diversificada. Durante a pesquisa sobre o comportamento dos peixes, por exemplo, foram registradas 22 novas espécies para a região, sendo sete inéditas para o litoral de Niterói. As pesquisas reafirmam a importância do estudo para o conhecimento da biodiversidade local e regional. O trabalho também é determinante para a implementação de políticas públicas sustentáveis e de preservação com foco no trabalho com as comunidades e colônias de pescadores, e para mitigar os impactos da urbanização.
O relatório foi um estudo inédito realizado pela Prefeitura e coordenado por biólogos da Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos e da empresa de consultoria ambiental Piper 3D que, ao longo de quatro expedições em campo, descobriram uma riqueza até então não pesquisada naquele ecossistema de fauna terrestre e aquática. O trabalho também contou com a participação do Instituto Moleque Mateiro na condução de expedições em embarcações de educação ambiental para crianças de escolas públicas. Cerca de 600 alunos realizaram exposições sobre o tema.
A coordenadora de projetos ambientais da Prefeitura de Niterói, Luize Ferraro, considera o estudo de fundamental importância para o conhecimento da fauna da região e para o impulsionamento da pesquisa científica.
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 “Os resultados do inventário são muito satisfatórios e os ganhos são inúmeros: a identificação de espécies críticas para conservação; o conhecimento de novos exemplares da fauna local; a contribuição de um estudo robusto para direcionar políticas públicas e ações de educação ambiental mais assertivas. Isso sem contar o acervo de dados que poderão originar novos trabalhos científicos pelas universidades”, afirmou Luize Ferraro.
O trabalho identificou 22 anfíbios, 7 répteis, 117 aves, 26 mamíferos e 437 espécies de insetos. Estes insetos desempenham papéis ecológicos importantes como o processo de polinização no qual o pólen de uma flor é transferido para outra, permitindo a fertilização e a produção de sementes, decomposição e controle de pragas. Foram ainda 28 espécies de aranhas ou centopeias, 45 peixes e 44 macroinvertebrados aquáticos, incluindo animais ameaçados de extinçãoe exóticos.
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Principais descobertas – Entre as principais descobertas dos profissionais que foram a campo, alguns dados chamam atenção no que diz respeito às aves: duas espécies encontradas pelos biólogos estão classificadas em algum nível de ameaça como a trinta-réis-de-bico-vermelho (aquática) e a gavião-pombo-pequeno (florestal). 
Além disso, oito espécies registradas são reconhecidas como endêmicas de Mata Atlântica. Sete espécies possuem alta sensibilidade a perturbações, e 28 têm sensibilidade média. Para este grupo, foram registradas cinco espécies exóticas ou invasoras.
Nos dados sobre anfíbios e répteis, os destaques foram a identificação de uma espécie de tartaruga marinha ameaçada de extinção pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), o lagarto teiú (Salvator), e a lagartixa-de-parede, considerada uma espécie invasora.
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A pesquisa sobre mamíferos em Niterói identificou espécies domésticas e exóticas, como cães, gatos, micos e porcos, que ameaçam a biodiversidade local ao competirem por recursos e impactarem a fauna nativa. Espécies nativas, como o gambá, mostraram boa adaptação a ambientes alterados, enquanto outras, como a cuíca, foram observadas principalmente no Parque Natural Municipal de Niterói (PARNIT). Espécies como o cachorro-do-mato, tatu e preguiça demonstraram resiliência à urbanização, mas dependem de áreas florestais para sobreviver.
O levantamento registrou 15 espécies de morcegos na Enseada de Jurujuba. Um refúgio foi identificado em uma construção abandonada. O estudo, que incluiu indivíduos em diferentes estágios reprodutivos, contribui para o conhecimento e preservação da biodiversidade local. Nessa mesma localidade, foi capturado um morcego-de-dentes-duplos, uma espécie considerada indicadora de baixo nível de perturbação de habitat.
 Os indivíduos foram capturados em diferentes estágios reprodutivos. O estudo ampliou o conhecimento sobre a comunidade de morcegos na Enseada de Jurujuba, mostrando sua riqueza e diversidade e contribuindo para a preservação da biodiversidade na Mata Atlântica.
O levantamento realizado na Enseada de Jurujuba registrou 47 espécies de peixes: 22 novas para a região e sete inéditas para o litoral de Niterói. Além disso, o estudo também identificou várias espécies de macroinvertebrados aquáticos marinhos, quatro delas de grande importância comercial para a região, especialmente siris e mexilhões, que são fonte de renda para pescadores e moradores locais.
As pesquisas na Enseada de Jurujuba mostraram que os insetos representam cerca de dois terços das espécies registradas na região. O destaque foi a descoberta da mosca cavalo de cão, a maior do mundo. O inventário de insetos é o mais completo já realizado em Niterói e incluiu a identificação de uma formiga ameaçada de extinção.
O estudo sobre a fauna da Enseada de Jurujuba destaca sua importância como habitat, mas aponta os desafios para preservação. O Inventário Faunístico avança no conhecimento da biodiversidade local e ressalta a necessidade de ações de conservação e manejo para mitigar os impactos da urbanização.
“A realização do inventário foi essencial para entender a biodiversidade local, identificando e mapeando espécies de fauna, muitas ainda não catalogadas. O projeto também promove ações educativas para conscientizar a população sobre a importância da preservação dos ecossistemas da Enseada de Jurujuba”, destaca Aline Moreno, bióloga da Secretaria de Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Sustentabilidade.
As campanhas em campo da Piper 3D para execução do projeto de Inventário da Biodiversidade Faunística da Bacia Hidrográfica da Enseada de Jurujuba fazem parte do programa Enseada Limpa, implementado em 2013 pela gestão municipal e integrante do Plano Estratégico Niterói Que Queremos. O projeto de inventário teve recursos federais do Fundo de Defesa de Direitos Difusos, do ministério da Justiça e Segurança Pública.

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