Força Tarefa do governo federal para socorrer indígenas em Roraima já entregou 85 mil toneladas de alimentos e começou a prestar atendimento médico às aldeias
O ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), Wellington Dias, considerou positivo o início dos trabalhos de socorro ao Povo Yanomami, diante do grave quadro de desnutrição e de insegurança alimentar que atinge a sua população em Roraima.
A Força Tarefa do Governo Federal já fez a entrega inicial de cinco mil cestas básicas, em um total de 85 mil toneladas de alimentos destinada às aldeias indígenas na região.
“O trabalho envolve vários ministérios e exige ações em parceria com o município, o estado, as próprias lideranças indígenas. A ideia é garantir que se tenha a qualidade de vida e a dignidade que se deseja para esse povo”, afirmou o ministro.
Dias analisou o quadro trágico encontrado pelo governo federal nas aldeias indígenas de Roraima. “É uma situação crítica. Acho que todo mundo já percebeu. Isso que aconteceu é uma tragédia. Eu digo que é um genocídio”, enfatizou.
Segundo o ministro, os números da crise humanitária que atingiu as aldeias ainda não foram consolidados, mas estima-se que mais de 540 indígenas, entre eles muitas crianças e idosos, tenham morrido de causas evitáveis (como pneumonia, gripes e quadros de diarreia) nos últimos quatro anos na Terra Indígena Yanomami.
A região congrega cerca de 78.500 indígenas em 719 comunidades, de acordo com informações do Governo de Roraima.
De acordo com o ministro, a situação abrange tanto a contaminação de rios da região por altas taxas de mercúrio em função da mineração ilegal como a presença indevida de madeireiros.
Tudo isso colocou em risco os indígenas da região, principalmente os chamados povos isolados. E, para piorar, serviços essenciais de atendimento à saúde indígena foram retirados pelo governo Bolsonaro.
“Ali houve uma retirada de serviços que se prestava há muito tempo, além da entrada de pessoas estranhas. Imagine um Parque Nacional e a chegada de pessoas para garimpo, sem autorização, madeireiros sem autorização, produtores, criadores. E isso é muito pior num território que tem particularidades, de povos que não tiveram contato com o ambiente externo. Uma simples gripe que para nós não é problema, para eles é fatal”, comentou o ministro.
Garantir atendimento à saúde e combater a desnutrição
Como uma das medidas para combater a desnutrição, a insegurança alimentar e as doenças que atingem a população indígena de Roraima, o governo federal instituiu o Comitê de Coordenação Nacional para Enfrentamento à Desassistência Sanitária das Populações em Território Yanomami, que foi oficializado no último dia 20 de janeiro.
A prioridade agora é garantir assistência médica emergencial, cuidar de graves quadros de desidratação e desnutrição, levar cestas de alimentos adaptadas à realidade regional e retomar, aos poucos, a rede de proteção ao Povo Yanomami. Uma ação articulada que envolve MDS, Funai, Forças Armadas e ministérios da Saúde, dos Povos Indígenas, da Justiça e Segurança Pública e dos Direitos Humanos.
Wellington Dias explicou como vem sendo feita a ação integrada para garantir a segurança alimentar aos Yanomamis.
“Na linha da segurança alimentar, garantimos a chegada de 80 toneladas de alimentos, quase cinco mil cestas. Os helicópteros da Força Aérea, quando chegam com os alimentos, levam também o atendimento médico e, quando necessário, transportam crianças, mulheres, idosos que precisam de atendimento mais emergencial”, disse Dias.
Ele lamentou as mortes entre a população indígena, mas daqui para frente o trabalho é para salvar vidas. “Infelizmente perdemos muita gente e ainda há muita gente em situação crítica, mas agora as ações que retomamos vão nos permitir salvar vidas. É a principal meta nesse trabalho integrado”, estimou o ministro.
Para Dias, existem ainda desafios adicionais a serem superados, como a própria extensão do território Yanomami, que possui mais de 17 mil quilômetros quadrados.
“Muitas comunidades são verdadeiramente isoladas. Não há estrada. Muitas não são próximas de rios, não dá para ir de embarcação. Há uma certa complexidade. A maior parte não fala português. São seis idiomas segundo as lideranças indígenas. Vamos ter de trabalhar na perspectiva de um esforço integral”, explicou o ministro.
“Há uma emergência nessa área da comunicação. É preciso respeitar a língua primeira, originária, mas também pensar em levar o português, numa estratégia pensada principalmente para os jovens”, completou. Fonte: Secom/PT