“Cada um tem as suas características, um é alto, o outro é magro, um é baixo, o outro é alto. Nós temos que respeitar as diferenças”. Com esta afirmação, a pequena Luísa Cabral, de 7 anos, finalizou a 20ª Reunião do Fórum Interconselhos de Direitos de São Gonçalo, que reuniu sociedade civil e conselheiros de direito para debater sobre a inclusão social e no mercado de trabalho das pessoas com deficiência, no Ministério Público, em Santa Catarina. Moradora do bairro Estrela do Norte, a pequena Luísa, que tem características de altas habilidades, esteve no evento acompanhada de seus pais e foi convidada para compor a mesa de debates, representando as crianças que muitas vezes são rotuladas de autistas e sofrem preconceitos. “A Luísa precisa ser incorporada de uma forma que ela venha dizer e falar por si e por tantas crianças que ainda não têm voz, que nós temos que investir mais em todos esses pequenos que estão acima da média, com habilidades superiores, e que acabam sendo discriminados. Na verdade eles têm um potencial que deveria ser valorizado para que isso pudesse retornar com uma grande contribuição para a melhoria da vida em São Gonçalo”, afirma Marisa Chaves, articuladora do Fórum Interconselhos.
A escritora infanto-juvenil e facilitadora do desenvolvimento de pessoas com autismo, Cássia Ávila, fez um breve resumo sobre o transtorno e falou sobre a importância das pessoas terem conhecimento sobre o assunto. “Não é possível desenvolver caminhos de inclusão se a gente não consegue entender do que está se tratando. O primeiro passo é conhecer o que é de fato o autismo, quais são as suas manifestações, como funciona um cérebro autista e como podemos, a partir daí, traçar caminhos para a inclusão escolar, social, do mercado de trabalho e a importância de trabalhar esta inclusão desde a educação infantil. Não podemos querer que as crianças entendam as diferenças se não explicamos essa diferença. Como educadores, nós temos a obrigação de poder antecipar e explicar para que as crianças não tenham um impacto negativo com o colega, e a partir daí possa até ajudar no processo de inclusão desses pequenos”, ressalta Cássia. Quem também participou da reunião foi a analista de responsabilidade social corporativa, Veronica Legentil, que falou sobre as termologias usadas de forma errada para a pessoa com deficiência e ainda destacou as principais dificuldades e preconceitos que essas sofrem ao buscar um emprego formal. “A deficiência é uma característica minha, portanto não me define como ser humano. Não podemos definir o ser humano com uma característica. É preciso olhar com o maior critério para alguns nomes que usamos para a pessoa com deficiência, que é a termologia adequada. A baixa qualidade de vagas ofertadas, poucas vagas inclusivas e falta de mobilidades nas empresas e vias públicas dificultam o acesso dos PCDs ao mercado de trabalho. É preciso planejar ações, capacitações e campanhas de conscientização para que este quadro mude”, ressalta Verônica.