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Disputa Nervosa. Foto/Divulgação: Pablo Bernardo

Iniciativa é composta pelo espetáculo de funk Brinco de Ouro e pela primeira etapa das seletivas da batalha de funk Disputa Nervosa – os dois projetos nasceram no Aglomerado da Serra, em Belo Horizonte, e celebram o poder do funk na cultura da periferia. Ao longo deste ano e em 2025, o projeto percorre oito estados brasileiros

 

O projeto Favelinha na Estrada faz sua primeira parada no Rio de Janeiro, trazendo dois eventos que promovem conexões entre quebradas de diferentes regiões brasileiras e celebram a pluralidade e a ocupação do funk em espaços que geralmente não são ocupados pela periferia. No sábado, 16 de novembro, às 19h, a Cia Favelinha apresenta o espetáculo de funk Brinco de Ouro, projeto contemplado pelo Programa Funarte Aberta, no Teatro Dulcina, espaço cultural da Fundação Nacional de Artes – Funarte. Já no dia 17 de novembro, domingo, a partir das 14h, é a vez da Disputa Nervosa, batalha de funk que ocorre no EstudeoFunk – Fundição Progresso, com entrada gratuita.

 

Patrocinado pela Petrobras e pelo Ministério da Cultura, através do Programa Petrobras Cultural e da Lei de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet), e realizado pelo Centro Cultural Lá da Favelinha, o projeto Favelinha na Estrada foi idealizado pelo multiartista mineiro Kdu dos Anjos e percorrerá oito capitais brasileiras – Rio de Janeiro, Fortaleza, Porto Alegre, Manaus, São Paulo, Salvador, Recife e Belo Horizonte.

O espetáculo Brinco de Ouro, interpretado por sete artistas, tem 60 minutos de duração e carrega elementos afro-diaspóricos vivenciados pelos intérpretes criadores. Também traz influências da capoeira, samba, vogue, rebolado, mtg, passinho foda e celebra, principalmente, a expressão do passinho de BH.

Já a etapa nacional da batalha de funk Disputa Nervosa dá protagonismo para dançarinos de funk das quebradas do Brasil, conectando esses artistas a outros de variadas partes do país, através de um elo forte e poderoso que é a cultura urbana. Nele, são exaltados os diferentes movimentos, ritmos e estilos que existem no funk brasileiro, dando também ao público a oportunidade de conhecer essas variadas manifestações.

“A gente quer levar o artista periférico e a cultura do funk para ocuparem esses lugares historicamente elitizados, como os teatros, além de colocar esse corpo que é socialmente marginalizado no mapa da produção cultural do nosso país”, comenta Kdu dos Anjos, idealizador do projeto.

Segundo o artista, a ideia também é evidenciar artistas periféricos no mapa cultural, com apoio de grandes patrocinadores da cultura brasileira e em espaços que, geralmente, não são tão ocupados pela periferia. “E, por fim, acho que essa brincadeira séria de descobrir quem é o melhor dançarino ou dançarina de funk é legal. É uma brincadeira saudável, gostosa, desafiadora e energizante”, conclui.

 

Sobre o espetáculo Brinco de Ouro

Foto/Divulgação: Brinco de ouro – Ester Teixeira

Texto do poeta Rogério Coelho:

O espetáculo “Brinco de Ouro” é um convite à vida. É um ensaio, um manifesto, um movimento, uma multidão de vozes que se autorrepresentam nos corpos que dançam. De que falam essas vozes?! Falam de opressão, de dores, de amores, de sonhos, de desejos, de libertação. Tudo isso, bem cadenciado no tempo espiralar, que a Rainha Conga Leda Martins nos cantou, sobre os movimentos artísticos de pessoas pretas da história. Espirais das curvas que revisitam a memória de outros tempos, nas peles do agora.

Noutros tempos, ex-escravizados alforriados, usavam jóias de ouro, como demonstração de valentia, subversão e poder. Neste agora, o “Brinco de Ouro” se configura nos passinhos coreografados no dia a dia das pessoas pretas faveladas; nas curvas acentuadas dos becos; no desvio das balas, pela via do amor, como garantia da vida.

Entre a emancipação de pessoas pretas, pela arte, e a imediata regulação, pelo racismo estrutural, a esquiva da necropolítica se dá nesta mani-festa dos corpos e corpas escreviventes da Favelinha, do Serrão de Belo Horizonte, da leitura do funk mineiro, do passinho de BH, nervoso em movimento, como bem diriam Nilma, Achile e Evaristo. Um movimento que revela as favelografias de uma juventude de agora. E que esse agora é tão renovado por outros agoras no porvir…

São as peles de hoje, que se vestem de outras peles da história, para contarem juntas as formas de resistência e poder. Camada por camada, revisitam nossas memórias mais dançantes, para revigorar em nós, a vida. Corpos que não se deixam matar porque dançam; curam-se pelo afeto; reivindicam o direito ao movimento irrestrito de normas sociais, e assim a liberdade está garantida, dia após dia. Esses códigos estão ativados em “Brinco de Ouro” como sinais vitais. Reconheça-os em seus corpos, neste convite para adentrar ao que pulsa nas periferias e suas formas de re-inventar revoluções.

Sob a direção artística de Léo Garcia, o espetáculo colore nossas formas de enxergar a afromineiridade e suas identidades artísticas e temporais, numa juventude que está sempre um passo à frente de suas realidades, mas que volta o olhar para o passado, em um diálogo ancestral, o que lhes permite cuidar do próximo movimento.

Sobre a Disputa Nervosa 

A Disputa Nervosa Nacional retorna para sua segunda edição, agora em formato ampliado, com seletivas em oito capitais brasileiras (Rio de Janeiro, Fortaleza, Porto Alegre, Manaus, São Paulo, Salvador, Recife e Belo Horizonte). Dançarinos de funk de todo o Brasil podem se inscrever para duelar em batalhas de funk. Cada seletiva premiará o primeiro e segundo colocados, e os melhores seguirão rumo à grande final em Belo Horizonte, que acontecerá em julho de 2025. O campeão nacional levará o prêmio de R$15 mil.

As inscrições já estão abertas e podem ser feitas pelo link disponível nas bios oficiais dos perfis Lá da Favelinha e do Disputa Nervosa. A competição será dividida em fases eliminatórias, com dançarinos duelando em rodadas de três apresentações alternadas de 40 segundos. O vencedor de cada fase avança até a final, que será decidida em cinco rodadas. Além das batalhas, o evento contará com um show de abertura com Kdu dos Anjos.

Kdu dos Anjos

Kdu dos Anjos, artista multifacetado e empreendedor de periferia do Brasil, ganhou prêmios e reconhecimento por seus projetos sociais, moda cooperativa e arquitetura inovadora. Em 2023, ele se destacou nacional e internacionalmente ao vencer a disputa mais importante do meio da arquitetura com a Casa do Ano pelo site da archdaily. Além disso, lançou-se como diretor de documentários, estreando com o filme “Folia dos Anjos” e prepara para lançar seu segundo filme “Nevou”. Em 2024 implementou uma nova faceta: repórter! Onde cobriu o carnaval de rua de BH, o SXSW no Texas e as olimpíadas de Paris, para rede globo e outros parceiros.

Sobre a Petrobras

A Petrobras é uma das principais empresas do país. Atua de forma integrada e especializada na indústria de óleo, gás natural e energia, tendo como compromisso o desenvolvimento sustentável para uma transição energética justa e inclusiva.

A Cultura é também uma energia na qual a companhia investe, patrocinando há mais de 40 anos projetos que contribuem para a cultura brasileira e se fazem presentes em todos os estados brasileiros.

Serviço

Brinco de Ouro

Dia 16 de novembro, sábado, 19h

Local: Teatro Dulcina, espaço cultural da Fundação Nacional de Artes – Funarte (Rua Alcindo Guanabara, 17 – Centro, Rio de Janeiro)

Ingresso: R$10 (preço único)

*Projeto contemplado no programa Funarte Aberta

 

Disputa Nervosa

Dia 17 de novembro, domingo, a partir das 14h

Local:  EstudeoFunk – Fundição Progresso (Rua dos Arcos, 24, Centro. Rio de Janeiro)

Entrada gratuita
Instagram – Kdu dos AnjosInstagram – Lá da Favelinha

Fonte: Angelina Colicchio Bosisio

 

 

 

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