Até o dia 7 de junho duas estudantes da rede pública de ensino do Rio de Janeiro participam do encontro internacional da rede “Cinema, cem anos de Juventude”, que acontecerá na Cinemateca Portuguesa, em Lisboa. No evento serão exibidos e debatidos, ao longo de cinco dias, filmes documentários realizados por crianças e adolescentes com idades entre 8 e 18 anos. A plateia será composta por cineastas, professores e estudantes que participam de diversos projetos voltados para o ensino de cinema em escolas de 15 países, em cinco continentes. O evento terá como padrinho o cineasta português Pedro Costa, ganhador do prêmio ‘France Culture’ atribuído ao Cineasta Estrangeiro do Ano no Festival de Cannes de 2002, com o filme ‘No Quarto da Vanda’.
O projeto responsável pela integração de escolas públicas brasileiras nesta rede mundial é o Programa Imagens em Movimento (PIM) – www.img-mov.com.br -, fundado em 2011 por Ana Dillon. O programa é fruto de uma parceria pioneira na América Latina com a rede “Cinema, cem anos de juventude” – www.cinemacentansdejeunesse.
O encontro que acontecerá em Lisboa marca a culminância presencial desta troca realizada virtualmente nos últimos meses. O Brasil será representado no evento por duas estudantes do Rio de Janeiro: Kamilly Victoria Ferreira, da Escola Municipal Brant Horta, que apresentará um documentário sobre a vida dos adolescentes do bairro da Penha Circular, e Maria Julia Mendes, que irá representar a Escola Municipal Orlando Villas Boas, localizada no Centro da cidade, com um filme documentário sobre os trabalhadores que atuam nas ruas ao redor da escola.
“Significa bastante para nós oferecer a estudantes da rede pública brasileira a oportunidade de vivenciar a experiência crítica e criativa do audiovisual através de uma metodologia de ponta, criando narrativas a partir de seus pontos de vista sobre a realidade em que vivem, e intercambiar estas produções com jovens de contextos sócio-culturais tão diversos, em condição de igualdade. A realização de um filme documentário é um processo criativo que leva naturalmente à elaboração de um olhar crítico e de um posicionamento ético perante a realidade”, frisa Ana Dillon.
NO programa abrange regiões diversas do Brasil, desde áreas metropolitanas a pequenas cidades e comunidades, como a aldeia indígena Kai, situada no sul da Bahia, que participou no ano passado. “Esta diversidade é muito relevante para nós, pois todo o nosso trabalho parte da premissa do intercâmbio de experiências audiovisuais entre jovens de contextos sociais, geográficos e culturais distintos – tanto em escala nacional quanto na escala internacional. Trabalhar com uma escola indígena, por exemplo, nos permitiu trazer para nossos alunos da cidade grande uma experiência de vida de adolescentes da mesma idade que eles, que eles não imaginavam”, conta Ana Dillon.
o segundo semestre deste ano, serão oferecidas pelo PIM oficinas de cinema em escolas dos estados de São Paulo, Espírito Santo e Bahia, e ao final do ano, acontecerá a Mostra Itinerante de Curtas Metragens que reunirá os filmes produzidos por todas as escolas brasileiras contempladas pelo projeto, e também filmes realizados nas oficinas ministradas pelas organizações internacionais parceiras.
Ao longo dos últimos 13 anos, já participaram do projeto brasileiro cerca de 2.730 alunos de escolas públicas e mais de 220 filmes foram produzidos por eles, em oficinas teóricas e práticas de cinema, oferecidas gratuitamente no contraturno, período complementar ao das aulas regulares.
O impacto desta experiência, que aposta na linguagem audiovisual como uma ferramenta para a expansão de horizontes e de perspectivas dos jovens sobre o mundo, pode ser visto no documentário recentemente lançado, que conta com depoimentos de ex-alunos sobre a importância desta experiência em suas vidas, e o caminho que percorreram em suas vidas pessoais e profissionais após participar das oficinas de cinema em suas escolas. O filme está disponível gratuitamente no site do PIM – www.img-mov.com.br.
Fonte: Marcela Vigo