
Sonia Maria Monteiro Saraiva dos Anjos. Foto/Divulgação
Presidente por duas vezes, ela já agendou festa junina, tarde de prêmios e show anos 80 para angariar verbas e driblar crise da instituição
Presidente por dois mandatos (2017-2019 e 2020-2022), Sonia Maria Monteiro Saraiva dos Anjos retornou ao comando da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Niterói esta semana, em eleições antecipadas após duas renúncias seguidas ao cargo. Ela, que é conselheira da Federação das Apaes do Estado do Rio de Janeiro (Feapaes-RJ), foi eleita em chapa única. E entrou com força total, agendando eventos até agosto que prometem angariar verbas para ajudar na continuidade plena dos serviços da instituição, que este ano completa seis décadas de atividades gratuitas ininterruptas na atenção, assistência, promoção e inclusão de pessoas com deficiência intelectual e múltipla e de autistas.
Repetindo por mais este ano a bem-sucedida parceria, o Clube Central, em Icaraí, cederá para a Apae uma barraca em sua festa junina dos próximos dias 13 e 14, das 19h às 23h (ingressos à venda no clube e pelo site Sympla) e também promoverá uma tarde de prêmios em benefício da entidade na tarde de 9 de julho. Outra tarde de prêmios acontecerá em 18 de julho, a ser promovida pela instituição em sua sede. Já no dia 1 de agosto à noite, a associação fará um show beneficente, com artistas que marcaram os anos 1980, como Sylvinho Blau Blau, Banda Yahoo e Paquitas, no Praia Clube São Francisco (ingressos à venda no site Guichê Web e no clube). E, em 6 de agosto, será o tradicional culto ecumênico pelo aniversário da Apae, na sede da instituição, bem como atrações com a participação dos assistidos. Mais informações sobre cada um desses eventos podem ser obtidas junto às redes sociais da associação ou pelo WhatsApp 21 99959-1681.

A Apae Niterói oferece serviços de clínica geral, neurologia, psicologia, fonoaudiologia, assistência social, psicopedagogia, pedagogia, apoio pedagógico, educação física, teatro e banda marcial. À parte disso, ainda acontecem na instituição, vindos de iniciativas externas, aulas de muay thai e capoeira (projetos financiados por lei de incentivo), balé (projeto de fomento da Fundação da Infância e Adolescência/ FIA) ioga e dança (por meio de emenda parlamentar), além de artes plásticas. São 40 profissionais remunerados, entre administrativos e corpo técnico, mais de 300 pessoas com deficiência assistidas por mês e um total de mais de mil atendimentos médico-terapêuticos, inclusive aos familiares diretos dos PCDs assistidos. Tudo isso mantido com R$ 54 mil mensais advindos do Ministério da Saúde e mais as contribuições espontâneas, incluindo doações via conta de energia elétrica pelos clientes da Enel, que acrescentam uma média de R$ 20 mil por mês à arrecadação. Hoje, a Apae Niterói vive no seu limite financeiro, em que as despesas com frequência chegam a superar a receita. Eventualmente, emendas parlamentares cumprem um papel fundamental para positivar as contas.

Nutricionista aposentada, Sonia dos Anjos é voluntária da entidade desde 1984, quando coordenava o Baile da Ternura, evento filantrópico promovido pela Loja Maçônica Evolução número 2. “A Apae representa amor, família, dedicação, força, união, enfim, tudo de mais valoroso para mim”, exclama.
A Apae é uma entidade civil, filantrópica, sem fins lucrativos e de utilidade pública, fundada em Niterói em 2 de agosto de 1965, por um grupo de pais e pela professora Rosa Abi-Ramia Haddock Lobo (primeira presidente da associação). Presidência, Diretoria e Conselho são sempre voluntários em seus cargos – totalizando 19 pessoas – e cumprem mandatos de três anos. Está situada na Rua Prof. Ismael Coutinho s/n., no Centro, em Niterói, em um prédio cedido pela Prefeitura. Desde os início dos anos 2000, a Apae – bem como outras unidades filantrópicas de atendimento a PCDs – foram incorporadas à rede do Sistema Único de Saúde (SUS) e se tornaram unidades de saúde, financiadas pelo Governo Federal, o que possibilitou sua melhor estruturação.
Sobre a rede Apae
O movimento apaeano é o maior do Brasil em prol das pessoas com deficiência intelectual e múltipla. São mais de 2.200 unidades no país, com a missão de promover e articular ações em defesa dos direitos das pessoas com deficiência e em apoio às famílias, por meio de serviços e orientação, visando à construção de uma sociedade mais solidária e justa, com inclusão, acessibilidade, oportunidades, protagonismo e cidadania a este segmento.
O objetivo inicial das Apaes era oferecer educação e apoio a pessoas com Síndrome de Down, mas sua atuação se ampliou ao longo das últimas duas décadas e atualmente oferta também serviços em saúde e assistência social para pessoas com deficiência intelectual e múltipla, bem como autismo. A instituição adota como símbolo, em seu logotipo nacional, a figura de uma flor margarida, ladeada por duas mãos desniveladas: uma em posição de amparo e outra de orientação; embaixo, há dois ramos de louro com o número de folhas igual ao de estados brasileiros mais o distrito federal.
O Dia Nacional das Apaes é comemorado anualmente em 11 de dezembro, como estabelece a Lei Federal nº 10.242 de 2001. É a data de surgimento de sua primeira unidade no Brasil, em 1954, na capital carioca. Já o termo “excepcional”, antes referente a pessoas com impedimentos, dificuldades ou atrasos no desenvolvimento, de natureza física e/ou intelectual, caiu em desuso, apesar de ter sido mantido no nome da instituição. Tal designação foi substituída por outras até que evoluiu para a expressão “pessoa com deficiência”, chancelada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2006, a qual evidencia que o deficiente é, antes de tudo, um ser humano.
Fonte: IRMA LASMAR SIRIEIRO