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Foto: Divulgação

Redução da Inflamação e Melhoria da Qualidade de Vida

 

Lipedema é uma doença predominantemente feminina, caracterizada por uma distribuição anormal de gordura que resulta em membros desproporcionais e doloridos, afetando principalmente braços, quadris, nádegas e coxas. Além de impactar negativamente a autoestima, qualidade de vida e bem-estar psicossocial, quando não tratado, pode levar ao desenvolvimento de osteoartrite, linfedema secundário e limitação de mobilidade. Os sintomas comuns incluem dor, hematomas e nódulos subcutâneos firmes de tecido adiposo.

Estudos mostram que pessoas com lipedema são altamente resistentes às dietas convencionais e às intervenções de exercícios, e que qualquer perda de peso resultante de protocolos tradicionais de alimentação e atividade física ocorrerá principalmente na parte superior do corpo, o que pode agravar a assimetria e a dismorfia corporal.

Por esse motivo, as abordagens dietéticas atuais concentram-se em reduzir o peso corporal por meio de uma dieta com alimentos antioxidantes, anti-inflamatórios, hipocalóricos, com baixo teor de carboidratos e rica em gorduras saudáveis, conhecida como dieta cetogênica.

 

  • Cannataro e colegas descreveram um caso clínico de uma mulher de 32 anos diagnosticada com lipedema tipo IV, nos estágios II a III. O protocolo alimentar aplicado consistiu em uma dieta cetogênica com um déficit calórico de aproximadamente 250 kcal diárias. A ingestão média de calorias foi de 1.300, dividida em 30% de proteína, 66% de gorduras saudáveis e 4% de carboidratos, ao longo de 6 meses. A paciente perdeu 41 kg, representando uma diminuição de cerca de 20% na massa gorda, além de uma redução de 37,5 cm nos quadris e 23,9 cm na cintura.
  • Outro estudo piloto avaliou o impacto de uma dieta cetogênica sem déficit calórico na dor e na qualidade de vida de nove mulheres com diagnóstico de lipedema, abrangendo todos os tipos e estágios da doença, ao longo de 7 semanas. Isso foi seguido por mais 6 semanas de acompanhamento nutricional individualizado com uma dieta normal. A dieta durante as primeiras 7 semanas consistia em aproximadamente 70-75% de gordura, 5-10% de carboidratos e 20% de proteínas. Ao final da semana 7, a dieta cetogênica resultou em uma perda de peso significativa, além de reduzir consideravelmente a dor e o desconforto das pacientes. 

 

No entanto, não foram observadas alterações no peso corporal da semana 7 à semana 13, quando a dieta foi ajustada para ser normoproteica, normoglicídica e normolipídica. A dor percebida no início do tratamento retornou aos níveis normais no final da semana 13.

Este estudo demonstrou que a dieta cetogênica é eficaz não apenas na rápida perda de peso, mas também na melhoria dos sintomas de dor e na qualidade de vida de pacientes com lipedema

O que é a Dieta Cetogênica?

A Dieta Cetogênica é baseada na manutenção de níveis muito baixos de carboidratos, com quantidades variadas de proteína e gordura. Normalmente, calcula-se um grama de proteína por quilograma de peso corporal, de 10–15g de carboidratos, e o restante das calorias provenientes de gorduras saudáveis. Seu objetivo é induzir a cetose, que altera as vias metabólicas para potencializar a perda de peso e melhorar outros resultados de saúde, como a redução da hiperglicemia e a melhora dos perfis lipídicos.

Pesquisas recentes indicam os seguintes alimentos para uma dieta cetogênica anti-inflamatória e antioxidante:

Vegetais folhosos verdes escuros: Espinafre, couve, rúcula e acelga são excelentes fontes de fibras e nutrientes essenciais, como vitaminas A, C e K, que são importantes para manter a saúde do sistema imunológico e fortalecer os ossos.

Abacate: Rico em gorduras saudáveis, fibras e potássio, o abacate é um aliado perfeito para a dieta cetogênica, ajudando a manter a saciedade, regular a pressão arterial e fornecer energia estável ao longo do dia.

Oleaginosas: Amêndoas, nozes e castanhas são fontes de gorduras saudáveis, fibras e minerais como magnésio e zinco, que ajudam a manter o corpo saciado, promover a saúde do coração e do sistema nervoso, e contribuir para a função cognitiva.

Peixes gordurosos: Salmão, atum e sardinha são ricos em ácidos graxos ômega-3, que têm propriedades anti-inflamatórias e são fundamentais para a saúde cardiovascular e cerebral, além de ajudar na regulação do humor e na função cognitiva.

Azeite de oliva extravirgem: Fonte de gorduras monoinsaturadas e antioxidantes, o azeite de oliva extravirgem é conhecido por seus efeitos anti-inflamatórios e protetores do coração, além de fornecer uma fonte estável de energia para o corpo durante a cetose.

Ovos: Ricos em proteínas de alta qualidade, colina e antioxidantes como a luteína e a zeaxantina, os ovos são essenciais para a construção e reparação muscular, manutenção da saúde do cérebro e proteção dos olhos contra danos oxidativos.

Frutas vermelhas: Morangos, framboesas e mirtilos são baixos em carboidratos e ricos em antioxidantes, como antocianinas e vitamina C, que ajudam a combater o estresse oxidativo e promover a saúde do sistema imunológico e cardiovascular.

Vegetais crucíferos: Brócolis, couve-flor e repolho são fontes de antioxidantes e fibras, que ajudam a promover a saúde digestiva, regular os níveis de açúcar no sangue e fornecer nutrientes essenciais para o corpo durante a cetose.

Ervas frescas e especiarias: Salsa, coentro, hortelã, manjericão, alecrim, tomilho, orégano, cebolinha, sálvia, gengibre, alho, pimenta preta e cúrcuma são ricos em compostos bioativos com propriedades anti-inflamatórias, antioxidantes e digestivas, que ajudam a melhorar a saúde geral e o sabor dos pratos na dieta keto.

Bebidas: Água, chá de camomila, chá de erva-doce, chá de alecrim e água com limão são opções hidratantes e ricas em antioxidantes, que ajudam a manter o corpo hidratado e a promover a saúde geral durante a cetose.

Chá verde: Contém catequinas antioxidantes e compostos bioativos que ajudam a melhorar o metabolismo, promover a queima de gordura e reduzir o risco de doenças crônicas, sendo uma excelente opção para complementar a dieta cetogênica.

Cogumelos: Especialmente os tipos selvagens, têm propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias que ajudam a fortalecer o sistema imunológico, promover a saúde digestiva e fornecer uma fonte adicional de proteínas e fibras na dieta com baixo teor de carboidratos.

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Escrita por:

Adriana Stavro – Nutricionista Mestre pelo Centro Universitário São Camilo 

Curso de formação em Medicina do Estilo de Vida pela Universidade de Harvard Medical School

Especialista em Doenças Crônicas não Transmissíveis (DCNT) pelo Hospital Israelita Albert Einstein 

Pós-graduada em Nutrição Clínica Funcional pelo Instituto Valéria Pascoal (VP) Pós-graduada EM Fitoterapia pela Courses4U.

Instagram – @adrianastavronutri – Mais informações https://lattes.cnpq.br/

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