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Foto/Divulgação: Freepik

Em data que alerta para a doença, especialista destaca as principais informações sobre a enfermidade

As cardiopatias congênitas são anomalias na estrutura ou na função do coração que surgem durante o desenvolvimento fetal. De acordo com o Ministério da Saúde, 1% dos bebês que nascem no país têm a doença. Isso significa cerca de 29 mil a 30 mil novos casos por ano, sendo a segunda maior causa de mortalidade no período neonatal, compreendidos nos 28 dias após o parto. Para chamar atenção sobre a enfermidade, 12 de junho é considerado o Dia Nacional de Conscientização da Cardiopatia Congênita.

 

 

A cardiopediatra Mirna de Sousa, que atende no centro clínico do Órion Complex, em Goiânia, cita quais são as mais frequentes. “Felizmente, as cardiopatias congênitas mais comuns não são as mais complexas, temos a comunicação interatrial, comunicação interventricular, doenças da válvula óptica, persistência de canal arterial, que é uma doença relacionada à prematuridade. E temos cardiopatias mais complexas, que têm só metade do coração, que também correspondem a uma parcela importante desse grupo, que são as cardiopatias mais graves. Mas dentro dessas cardiopatias, até mesmo de menor complexidade, elas podem ter extrema gravidade se não tratadas no momento certo”.

O diagnóstico, em sua maioria, é feito ainda na gestação. “O coração do feto deve ser detalhadamente avaliado durante toda a gestação. No pré-natal existem momentos para isso. O ultrassom feito pelo obstetra, o ultrassom morfológico, é o primeiro triador desse coração. E quando alguma alteração é detectada, essa criança deve ser encaminhada para a realização do ecocardiograma fetal, um exame específico, realizado por um profissional treinado em cardiologia pediátrica, para que esse coração seja avaliado e esse diagnóstico da cardiopatia seja dado ainda na gestação”, detalha a especialista.

A médica destaca ainda que o resultado do exame pode interferir até mesmo no parto. “É importante que isso aconteça para que essa família receba orientação adequada em relação ao parto, por exemplo. Dependendo da cardiopatia, o parto deve acontecer em algum serviço com estrutura para avaliar esse bebê após o nascimento, realizar o ecocardiograma pós-natal, ter uma equipe de cardiologia pediátrica para planejar o tratamento desse bebê. Porque em muitas das situações o tratamento deve acontecer através de cirurgia ou cateterismo nos primeiros dias após o nascimento”.

Cirurgia
Mirna de Sousa pontua que a cirurgia não é o único tratamento disponível para os bebês com cardiopatia congênita. “Algumas cardiopatias necessitam de intervenção ao longo da vida, essa intervenção pode ser feita através de cirurgia tradicional. Mas hoje a gente tem também a possibilidade de tratar muitas delas por um procedimento percutâneo, que é o cateterismo cardíaco. E ainda tem um grupo de cardiopatias que a gente pode tratar das duas formas, com cirurgia e cateterismo ao mesmo tempo, que é o procedimento híbrido. Algumas delas não precisam de tratamento cirúrgico e devem ser acompanhadas ao longo da vida. Então, existe hoje uma nova especialidade dentro da cardiologia, que é a cardiopatia congênita do adulto, uma área de expertise do cardiopediatra ou do cardiologista de adulto com treinamento em cardiologia pediátrica”.

Segundo a cardiopediatra, existe a possibilidade de cirurgias ainda na barriga da mãe, mas isso não é o mais comum. “Apesar do diagnóstico ser feito ainda intraútero, o tratamento de escolha hoje dessas cardiopatias, mesmo as mais complexas, tem sido feito após o nascimento. Existem hoje no mundo alguns centros que já ousam fazer o tratamento intraútero, mas isso ainda não é uma realidade de segurança de uma forma geral, eles são selecionados para casos muito específicos. Hoje a conduta de maior frequência, volume e segurança é o tratamento após o nascimento”, afirma.

De acordo com a especialista, algumas crianças podem ter uma vida normal após a operação, outras não. “Algumas cardiopatias têm cura espontânea. A criança nasce com uma condição e isso se cura completamente ao longo da vida. Quando isso não acontece, esse paciente é submetido a algum procedimento, cirurgia ou cateterismo, que promovem uma cura anatômica, ou seja, o defeito é corrigido, e esse paciente ganha aí uma cicatriz ou uma prótese dentro do coração, mas o coração passa a funcionar de uma forma semelhante à de um coração normal. Mas existe um grupo de cardiopatias onde não há possibilidade de cura anatômica, o tratamento não é curativo, ele é paliativo e os pacientes devem ser acompanhados pelo resto da vida. Eles têm muitas vezes reintervenções com mais de uma cirurgia, mais de um cateterismo, muitas vezes a necessidade do uso de medicação. Para esse grupo não existe a possibilidade de cura anatômica e nem funcional”.

Na maioria dos casos, segundo Mirna de Sousa, não há como prever a possibilidade da doença, mas existem pontos de atenção. “90% não tem nenhum fator de risco. Não tem recorrência familiar, não tem síndrome genética, não tem uso de medicação na gestação. Agora, 10% das vezes a gente acha esses fatores de risco, como o uso de algumas medicações que estão relacionadas à malformação do coração, doenças infecciosas durante a gravidez, por exemplo, a rubéola na mãe durante a gestação. Alguns fatores como radiação, algumas síndromes genéticas, consanguinidade entre os pais, doença familiar recorrente, algumas cardiopatias têm recorrência familiar. Contudo, todo coração de feto deve ser avaliado de uma maneira muito adequada, pormenorizada, detalhada durante a gestação. De toda gestante, independente de haver fator de risco ou não”.

Fonte: Dayse Luan

 

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