Segundo a fonoaudióloga e analista do comportamento infantil, Daniella Brom, a brincadeira também é o momento que a criança se entrega para a interação e fortalece vínculos com os pais
Brincar com os filhos é uma tarefa que deve ser levada a sério. Não apenas porque fortalece o vínculo com os filhos, mas porque permite que os pais observem seus filhos e acompanhem o seu desenvolvimento, identificando atrasos, dificuldades e limitações. “É no contato durante as brincadeiras que os pais conhecem verdadeiramente a sua criança”, afirma a fonoaudióloga e diretora da FonoBabyKids, Daniella de Pádua Sales Brom. Segundo Daniella, é brincando que os pais descobrem o repertório de linguagem e a construção que a criança faz das interações.
Não é à toa que em 2017, a marca de brinquedos espanhola “Famosa” fez uma pesquisa com os pais e 87% deles concordaram que é importante brincar com os filhos e metade acredita que isso aumenta o desenvolvimento da criatividade e da imaginação. Porém, apenas 33% tomam a iniciativa de brincar com seus filhos em casa. Isso mostra o quanto os pais ainda precisam se comprometer com essas atividades.
Durante a pandemia, pesquisadores ingleses fizeram um estudo e os resultados mostraram que 90% dos pais estavam passando mais horas com as crianças. Mas, infelizmente, as crianças de bairros mais pobres não só estavam passando menos tempo com os pais, como ficavam mais horas em frente às telas, em função do fechamento de parques e espaços públicos.
“Na brincadeira é que a criança realmente se entrega para a interação, para a linguagem e, também, para as questões do desenvolvimento de forma global e pontual. Por exemplo, quando brincamos com uma criança e deixamos ela começar a falar, começar uma interação ou uma brincadeira, ela solta a imaginação e começa a mostrar realmente o que ela aprendeu. Isso favorece o desenvolvimento, a curiosidade, a autonomia e faz com que a criança demonstre também suas dificuldades e barreiras para continuar brincando”, explica a fonoaudióloga especialista em Análise do Comportamento Aplicada (ABA, em inglês).
Em brincadeiras com começo, meio e fim, as crianças demonstram sua linguagem, como faz para que o outro participe da brincadeira e como ela consegue organizar a brincadeira. Tudo isso faz parte dos degraus do desenvolvimento e é possível perceber se existe alguma barreira ou não. “Por exemplo, uma criança que começa a brincar com uma boneca e, de repente, começa a jogar a boneca, dependendo da sua faixa etária já não é mais esperado que isso aconteça. Já é esperado que ela faça o brincar de faz de conta, então a gente já pode perceber que pode ter um atraso ou uma dificuldade”, avalia.
Vantagens de brincar com os filhos:
· conhecer de verdade e se relacionar profundamente com a criança;
· criar vínculos com os filhos e dedicar tempo de qualidade;
· melhorar a atenção, a memória, a imaginação e a capacidade de imitação da criança;
· diminuir a exposição excessiva às telas, que é prejudicial para o desenvolvimento infantil;
· perceber alterações ou limitações na coordenação motora da criança quando ela não consegue pegar algum brinquedo, pular ou subir em algo.
Dicas para criar brincadeiras infantis
“Sei que muitos pais não sabem exatamente como brincar, então vão aí algumas dicas para eles. Pensar em atividades que envolvam exercícios físicos, que incentivem o pensamento, jogos de faz de conta e brincadeiras que simulam coisas do cotidiano, como as construções – montar prédios, torres e casas – ou brincar como se estivesse na cozinha. O faz de conta é muito importante para incentivar a imaginação e o pensamento”, pontua Daniella Brom. Fonte: Plena Estratégias Criativas