Especial Dia da Mulher.

Entrevista especial do Dia da Mulher com a Major do Bombeiros Comandante Rachel Lopes. Foto Nelson Perez

Na semana em que se comemora o Dia Internacional da Mulher (08/03), uma personagem se destaca em meio aos exemplos de empoderamento feminino no Rio de Janeiro. Rachel Lopes, Major do Corpo de Bombeiros, é a primeira mulher comandante de uma aeronave da corporação. Aos 37 anos, Rachel está no seleto grupo de 11 pessoas que se revezam na pilotagem de cinco helicópteros dos Bombeiros fluminenses.

– No fim do ano passado, concluí minha formação de comandante no Grupamento de Operações Aéreas do Corpo de Bombeiros. Eu sempre busquei isso, era um sonho. Só acreditei mesmo quando tirei meu primeiro serviço que, por coincidência, foi o transporte inter hospitalar de uma mulher entre as cidades de Resende e Rio de Janeiro. Ela ficou feliz e se surpreendeu, pois nunca havia voado, nem muito mesmo com uma mulher como piloto – contou a major. 

Responsável pelo serviço de salvamentos, transporte de órgão e tecidos vitais, além de pacientes, a major revela que o interesse pela aviação está no DNA da família – Rachel tem dois irmãos que são pilotos militares; um da Marinha do Brasil e outro, da Força Aérea Brasileira.

– Em 2011, descobri que estava encantada pela aviação e soube que o Corpo de Bombeiros ainda não contava com mulheres no Grupamento Aéreo. Me informei com o próprio comandante da época, que me disse que ninguém havia tentado. Isso virou meu desafio, que se juntou à inspiração, que busquei nos meus irmãos. E, fui me apaixonando cada vez mais – disse a comandante.

Antes do feito de se tornar a primeira piloto dos Bombeiros, Rachel já tinha um pé na vanguarda. O ingresso se deu por meio de concurso para formação de oficiais, o primeiro a admitir mulheres na corporação.

– Tenho ainda outro irmão que, embora não seja piloto, também é militar. E foi ele quem me deu a maior força para fazer o concurso. Sempre admirei o Corpo de Bombeiros e não sabia que aquele seria o primeiro ano em que mulheres poderiam ser admitidas. Ele que fez minha inscrição no último dia. Ao todo, foram 22 mulheres ao longo do curso, todas muito bem formadas. Aprendemos a lidar com essa diferença e os homens, que foram nossos colegas, viram que também somos capazes – falou Rachel.

A major descreve a sensação de atuar em uma das funções mais importantes do Grupamento de Operações Aéreas dos Bombeiros. E ainda se lembra dos casos que já participou.

– É muito realizador. Um sentimento que não tem preço porque eu trabalho ajudando outras pessoas e fazendo a diferença na vida delas. Antes de ser piloto, atuei em situações extremas aqui no Rio de Janeiro, como o desastre da Região Serrana, em 2011, e o deslizamento do Morro do Bumba, em Niterói, em 2010. Isso mexeu muito comigo, mesmo acostumada a lidar com isso. Não tem como não se envolver – revelou a comandante.

Ela contou ainda que é fundamental para realização de um voo com tranquilidade:

– Vários aspectos são levados em consideração: visibilidade, pressão atmosférica, temperatura. Quando estamos de serviço, chegamos antes do pôr-do-sol e fazemos um ‘check’ em todo o equipamento, além de uma reunião de briefing, e ficamos à disposição em caso de emergências. O que realmente atrapalha é a falta de visibilidade. A chuva mesmo não é um fator que impossibilita um voo. Fazemos uma previsão para não sermos surpreendidos e, mesmo quando isso acontece, somos treinados com as noções de segurança.

Rachel comemora o fato de mais mulheres estarem no Corpo de Bombeiros, profissão que sempre admirou.

– Não posso dizer que sofri algum tipo de preconceito. Eu trabalho em uma profissão que até então era mais comum ver homens comandando aeronaves e bombeiros. Mas hoje em dia, acho que as mulheres já estão com mais espaço. E quando estão bem preparadas e fazemos bem o trabalho, a gente conquista pela confiança – finalizou a major.

 

 

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