Comissão da Criança e do Adolescente distribuiu, na Central do Brasil, folhetos informativos e mudas de plantas
A Comissão de Assuntos da Criança do Adolescente e do Idoso, da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), realizou, nesta quinta-feira (16/05), ação de conscientização na Central do Brasil para orientar a população sobre como proceder ao identificar sinais de abuso e exploração sexual contra crianças e adolescentes. Houve a distribuição de folhetos informativos e de mudas de plantas – doadas pelo projeto Replantando Vidas, da Cedae -, representando o cuidado necessário com as crianças e adolescentes.
O presidente do colegiado, deputado Munir Neto (PSD), salientou a importância da conscientização visto que, no Estado do Rio de Janeiro, há uma média de aproximadamente 10 mil menores de idade vítimas de abusos por dia no estado. O parlamentar explicou que a escolha da Central do Brasil para a realização da ação teve como objetivo impactar o maior número possível de pessoas – de diferentes idades e classes sociais – pois se trata de um local com intensa movimentação.
“Só com a união entre o poder público e a sociedade civil vamos conseguir combater esses crimes. Em 2023, quase nove mil denúncias chegaram às delegacias e ao Disque 100. Dessas, em torno de 3,5 mil foram crianças de até 13 anos que sofreram abusos. Há ainda os casos que não chegaram às autoridades por falta de denúncia, então nós estamos pedindo que as pessoas informem às autoridades pelo Disque 100 ou através do canal de atendimento da comissão”, disse o deputado.
Campanha Maio Laranja
A ação faz parte da campanha Maio Laranja, cujo dia 18 é o Dia Nacional de Combate ao Abuso Sexual e Exploração Sexual contra Crianças e Adolescentes. A presidente da Associação de Conselheiros e Ex-conselheiros Tutelares do Rio de Janeiro (Aceterj), Tatiana Charles, explicou que a data faz referência ao caso da menina Araceli Crespo, vítima de abuso e assassinada aos oito anos, em 1973, no Espírito Santo.
“O Maio Laranja foi criado em referência ao caso da menina Araceli, no Espírito Santo. Esses movimentos trazem uma conscientização para uma sociedade que, muitas vezes, não sabe que existem esses canais de denúncias anônimas e o quanto isso é importante. Só é possível salvar essas crianças com as denúncias”, explicou Tatiana.
Mensagens de conscientização também serão transmitidas nas estações da SuperVia – parceira na realização da ação – de forma permanente, por meio de peças da campanha em áudios e telões. O diretor-presidente da concessionária, Everton Trindade, pontuou que o objetivo é alcançar os 300 mil usuários diários do sistema ferroviário, em 104 estações distribuídas em 12 municípios fluminenses.
“A Supervia fica agradecida de poder fazer essa parceria para uma agenda tão importante que nós acreditamos. Nós temos, em nossa estrutura, uma área de sustentabilidade e praticamos movimentos como esse com nossos clientes”, destacou Trindade.
Maioria dos casos acontece dentro de casa
A gerente do Programa de Atenção à Criança e ao Adolescente Vítima de Violência, da Fundação Para a Criança e Adolescência (FIA), Danielle Gimenez, alertou que 70% dos casos de abusos contra menores de idade ocorrem em ambiente familiar. Ela explicou que o programa, que atua nos Núcleos de Atendimento à Criança e ao Adolescente Vítimas de Violência (NACAs), realizou 16 mil atendimentos em 2023. A iniciativa alcança todos os municípios do estado.
“Prevenir é importante para a gente chegar na frente da violência. Na maioria das vezes, a criança e o adolescente não conseguem identificar quando estão sofrendo violência porque estão com as pessoas que deveriam estar cuidando deles. Através da prevenção a gente consegue levar informação e identificar os casos”, frisou Gimenez.
População aprova ação
A população que passou pela Central aprovou a iniciativa. O garçom Aldo Gomes é avô de uma menina de quatro anos e sublinhou a importância da educação no trabalho de conscientização. “A educação é o principal. Temos que orientar nossas crianças para que elas cresçam sempre no caminho certo e não caiam nas mãos de pessoas maldosas. Pais, mães, avós, todos juntos participando desse processo de instrução”, afirmou.
Já a funcionária pública Rosane Lourenço enfatizou que a ação é necessária diante da grande quantidade de casos de abuso contra crianças e adolescentes. “Todos os dias a gente vê, nos noticiários, que a violência contra crianças aumenta cada vez mais e de forma assustadora. Seria muito bom que mais pessoas se conscientizassem da necessidade de irmos em busca de soluções para que isso seja combatido”, comentou.
Os canais para envio de denúncias são o Disque Criança e Adolescente da Alerj, 0800-023-0007, que funciona de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h; e o Disque 100, do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania (MDHC), ativo 24 horas por dia, sete dias por semana. Também colaboraram com a ação os conselhos estaduais e municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente; a Fundação Leão XIII; a Companhia Estadual de Água e Esgotos (Cedae); dentre outros.