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Foto/Divulgação: Reprodução da Internet

Boas práticas e propostas inovadoras para redução e gestão de resíduos sólidos realizadas no Estado do Rio de Janeiro foram apresentadas no painel online promovido nesta segunda-feira (24/10) pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) para celebrar a Semana Lixo Zero. Entre os destaques estão o projeto Escola Lixo Zero, que já beneficia 150 escolas estaduais; a Coleta e Compostagem de Resíduos Orgânicos da Ciclo Orgânico, que atende 4.400 residências, e a Coleta Seletiva Cidadã, do Cefet, que destinou 37 toneladas de resíduos para reciclagem em sete anos somente no campus Maracanã. 

A Semana Lixo Zero é uma plataforma de mobilização social e um convite à sociedade para a reflexão sobre o consumo, redução e descarte correto dos resíduos. Desde 2015, o painel faz parte da agenda do Fórum da Alerj de Desenvolvimento Estratégico do Estado do Rio de Janeiro e acontece sempre na última semana de outubro. Conduzido pela secretária-geral do Fórum, Geiza Rocha, o evento deste ano contou com a participação do consultor e embaixador da Lixo Zero no Rio de Janeiro, Rodrigo Oliveira, e representantes da Embrapa Solo, Cefet-RJ e da Ciclo Orgânico. 

“Este ano tivemos mais de 170 inscritos em nosso painel e o evento não ficou restrito apenas à reciclagem, mas também destacou a importância da compostagem de resíduos orgânicos. Temos falado muito sobre gerar mais reciclabilidade e hoje abordamos também o tipo de resíduo que não tem valor para reciclagem. O resíduo orgânico, jogado no lixo, é misturado com o lixo reciclável, quando poderia retornar à terra, gerando adubo”, disse Geiza.

Escola Lixo Zero

No projeto Escola Lixo Zero, realizado pelo Instituto Lixo Zero, em parceria com a Secretaria de Estado de Educação (Seeduc), as transformações são visíveis, conforme atestou Rodrigo Oliveira. “Além de trazer uma mudança de mentalidade entre os estudantes, o projeto está proporcionando dignidade a muitos alunos que são de famílias de catadores”, disse o embaixador da Lixo Zero no Rio. Segundo ele, o projeto começou em dezembro de 2021, inicialmente em 50 escolas selecionadas, e outras 100 já se inscreveram. A iniciativa prevê a implementação de hortas e composteiras para abastecê-las com adubo produzido nas próprias escolas.

“As primeiras composteiras já estão fechadas, hortas já vêm sendo abastecidas, fechando o ciclo dentro da própria escola, evitando que os resíduos orgânicos vão parar em aterros sanitários”, explicou. Além de atuar junto a cooperativas de reciclagem e catadores das regiões onde as escolas funcionam, o projeto permite que os alunos levem para casa os alimentos colhidos nas hortas. A iniciativa já contempla escolas nas cidades do Rio de Janeiro, Niterói, Nova Iguaçu, Duque de Caxias, Itaguaí, São Fidélis e Italva.

Outra iniciativa de sucesso voltada para a comunidade escolar apresentada no evento foi o projeto Coleta Seletiva Cidadã realizado pelo Cefet. Segundo a responsável, Aline Trigo, desde 2015, um total de 37 toneladas de resíduos – entre resíduos plásticos, papel, latas de refrigerante – foram destinados às cooperativas de reciclagem pelo campus Maracanã. Segundo ela, a sensibilização dos estudantes para o programa é feita a cada semestre e reforçada durante a Semana Cefet de Pesquisa e Extensão. Ela apresentou imagens do armazenamento temporário e da retirada dos resíduos e ficou emocionada ao falar do resultado do trabalho de conscientização junto aos estudantes.

Compostagem pode começar em casa

O desafio de incentivar a compostagem em grandes cidades, onde boa parte da população vive em apartamentos, pode ser resolvido com iniciativas como a proposta pela Ciclo Orgânico. A empresa surgiu a partir da ideia do jovem estudante de Engenharia Ambiental da UFRJ Lucas Chiabo, que sonhava em ser motorista de caminhão de lixo quando criança. Ele desenvolveu no Parque do Martelo, no Humaitá, zona sul do Rio, um sistema de compostagem simples que o levou a receber o Prêmio Iniciativa Jovem, da Shell, em 2015.

A experiência positiva adotada em centros urbanos foi apresentada no evento pela engenheira civil Débora Valadares, representante da Ciclo Orgânico. “Todos os dias são produzidas 10 mil toneladas de lixo no Rio, terceira maior fonte de metano, menos de 3% é reciclável. Cada habitante gera de 1 a 1,5 kg de lixo por dia e metade é orgânico. Quando resolvemos o problema do lixo orgânico, resolvemos metade do problema que o lixo gera”, explica. A Ciclo Orgânico tem o desafio de tornar a compostagem prática para quem mora em apartamento, ajudando no processo biológico que transforma lixo em adubo.

Segundo ela, hoje 4.400 domicílios no Rio já contrataram o serviço, possuindo seus baldinhos para coleta dos resíduos orgânicos (alimentos cozidos, frutas, palitos de picolé e outros). O material recolhido quinzenalmente em diversos pontos da cidade por agentes em triciclos é levado para Duque de Caxias e, após quatro meses, se transforma em adubo orgânico, que é devolvido ao participante do projeto ou doado. Em 7 anos, mais de 3 mil toneladas foram coletadas, gerando quase 2 mil toneladas de adubo orgânico. Isso corresponde a 2.437 toneladas de CO2 que deixaram de ser emitidas no ambiente. A estimativa é que, em média, cada família que participa do Ciclo deixa de mandar um caminhão inteiro de resíduos orgânicos para os aterros sanitários a cada 10 anos.

Benefícios para o solo

Além de falar da experiência da unidade da Embrapa Solos no Rio com a compostagem, com apoio de uma escola municipal, o engenheiro agrônomo Cláudio Capeche explicou seus benefícios para a segurança alimentar e ambiental e a integração com a educação em solos. Segundo ele, a compostagem está relacionada com a segurança alimentar e ambiental e com alimentação saudável e sustentável. E se não cuidarmos dos resíduos orgânicos adequadamente, podemos acabar afetando de forma prejudicial as funções do solo.

Ele lembrou que um décimo da população global passa fome, segundo dados da FAO, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura. A Ação da Cidadania, a partir de dados da Rede Penssan (Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional), aponta que são 33 milhões de brasileiros em situação de insegurança alimentar. “Apenas de um ano para cá, são 14 milhões de pessoas passando fome, o que é inaceitável num país que é grande produtor de alimentos. Apenas quatro entre 10 famílias têm acesso pleno à alimentação”, destacou.

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