IGOR MACEDO

Igor Macedo de Lucena. Foto/Divulgação

Hoje, no mundo, e principalmente no Brasil, a desinformação promovida nas redes sociais se tornou um grave problema e muitas vezes uma ameaça para a democracia e as economias nacionais.

Entretanto, gostaria de me ater a outro tipo de desinformação, algo que muitas vezes nem mesmo é percebido pelos agentes que as transmitem, mas que muitas vezes confundem a cabeça das pessoas que passam a julgar políticos, artistas, e muitas vezes pessoas comuns com adjetivos e características que nada têm a ver com suas reais atitudes e personalidades.

A primeira palavra que gostaria de apresentar aqui é “terrorismo”, que vem sendo usada muitas vezes por agentes de direita para criticar membros da esquerda por conta de ações de manifestações, sejam elas violentas (o que é reprovável) ou não. Entretanto, o que efetivamente é o terrorismo? Na definição correta de terrorismo, são atos “promovidos por grupos paramilitares que, pelo uso ilegal de violência e intimidação, especialmente contra civis, buscam objetivos políticos, como a derrubada de governos e a transformação de regimes políticos.” Neste caso, não é possível afirmar, como ocorreu no passado, que existam hoje grupos armados que queiram transformar o regime político brasileiro. 

Outra palavra que é comumente utilizada por membros da esquerda contra políticos de direita é o termo “genocida”, que muitas vezes se confunde com “incompetência” ou “inaptidão”. Todavia, o que de fato é genocídio? De acordo com o tribunal penal internacional, a definição correta é que “genocídio é causar a morte deliberada de um considerável número de pessoas de uma determinada nação ou grupo étnico com o objetivo de destruir essa nação ou grupo social.” Ora, não há sequer o mínimo indício de que isso possa ter acontecido no Brasil. Não se pode comparar nada que ocorreu em nosso país com as atrocidades da Bósnia ou em Ruanda, por exemplo.

Talvez a palavra mais controversa, e que é comumente usada de maneira errônea em nosso país, é o racismo. De fato, o que se define como racismo? O racismo é o “preconceito, a discriminação ou o antagonismo dirigido contra uma pessoa ou pessoas com base em filiação a um determinado grupo racial ou étnico, geralmente minoria ou marginalizado.” Essa talvez seja a palavra usada, principalmente nas redes sociais, de maneira mais errada e que vem sendo utilizada para ‘atacar’ pessoas que muitas vezes apenas têm opinião diferente da maioria, mas que nem de perto estão sendo preconceituosas, e por causa disso sofrem o tal do “cancelamento” nas redes sociais, que muitas vezes custam empregos e reputações.

Existem basicamente duas razões pelas quais estamos vendo esse tipo de situação ocorrer: a primeira é por pura ignorância; ou seja, por falta de conhecimento básico ou de informações sobre o significado das palavras e como, quando e onde elas devem ser utilizadas. Muitas vezes os termos soam “pesados” ou “mais legais” quando se deseja acusar alguém de algo que o acusador acha que ela é. A segunda é puramente por “mau caratismo”; ou seja, quando você, sabendo o real significado das palavras, quer atribuir a um desafeto uma característica que ele efetivamente não tem, mesmo por mais cruel e radical que ele possa parecer. 

Infelizmente esses tipos de atitude estão mais que presentes, estão latentes nos debates políticos, econômicos e sociais no Brasil e em muitos países do mundo. Contudo, na prática, isso atrapalha o bom debate, deixa de lado as discussões sérias, torna as partes opostas inimigas e não apenas opositoras. Esse tipo de desinformação é nocivo ao desenvolvimento de qualquer sociedade séria que tenha compromisso com as verdades e com os problemas de uma nação. O que enxergamos aqui é, de fato, o uso de populistas, seja de esquerda ou de direita, para tentar deslegitimar aqueles que não concordam com suas atitudes e opiniões. Isso que é, de fato, uma tragédia. Por: *Igor Macedo de Lucena é economista e empresário, Doutorando em Relações Internacionais na Universidade de Lisboa, membro da Chatham House – The Royal Institute of International Affairs e da Associação Portuguesa de Ciência Política

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