Tratamento que impede formação de sequelas nos pacientes acometidos pelo AVC isquêmico já está disponível no SUS, mas pode ser ampliado
De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), o AVC é a principal causa de morte no mundo e a doença que mais incapacita pessoas no Brasil. O Portal da Transparência do Centro de Registro Civil (CRC), com base nos atestados de óbitos brasileiros, identificou que a mortalidade por AVC no Brasil foi de 112.052 casos em 2023, superando o número de mortes provocadas por doenças cardiovasculares.
Esse cenário, no entanto, pode ser evitado. O Dr. Igor Pagiola, neurointervencionista do HCFMUSP-SP e do Hospital Israelita Albert Einstein e neurologista do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia – SP, afirma que cerca de 80% a 90% dos AVCs poderiam ser precavidos com uma rotina de vida saudável, atividades físicas e acompanhamento da pressão arterial desses pacientes.
Ele ainda ressalta que é preciso quebrar o paradigma de que o AVC acomete apenas os idosos. “A doença está cada vez mais recorrente nos jovens”. Um estudo realizado pela equipe do Joinvasc, programa público de tratamento do Acidente Vascular Cerebral (AVC) de Joinville, identificou que os pacientes que sofrem AVC perdem cerca de 9 anos de vida por conta das limitações físicas e emocionais, causando prejuízos pessoais e financeiros não somente às famílias, mas para toda a sociedade.
Essa realidade também pode ser transformada com a técnica batizada de Trombectomia Mecânica, procedimento cirúrgico que visa desobstruir e restaurar o fluxo sanguíneo cerebral, responsável por provocar o AVC isquêmico, evitando e reduzindo a formação de sequelas. A técnica tem eficácia comprovada e reduz em até três vezes as chances de o paciente ficar incapacitado. “A Trombectomia Mecânica é o tratamento mais potente dentro da medicina para tratar o AVCi. Felizmente, já tivemos avanço no tratamento com um Stent de menor calibre, que alcança os vasos distais, ou seja, as veias menores, possibilitando maior alcance da desobstrução e, consequentemente, maior a probabilidade de deixar esse paciente sem ou com poucas sequelas”, ressalta Pagiola.
Para isso, o paciente deve ser submetido à Trombectomia Mecânica em até 8h e no máximo em 24h, após o AVC. Lembrando que quanto antes receber o tratamento, melhor o resultado clínico.
Já disponível no Sistema Público de Saúde, a Trombectomia Mecânica pode ser ampliada para mais instituições de saúde, para salvar ainda mais pacientes. Para disseminar o tratamento, Pagiola, reforça que é preciso um trabalho conjunto entre vários agentes com: mais informações sobre a doença à população para que, nos primeiros sintomas, a pessoa que está com o paciente consiga identificar os sintomas e encaminhá-lo imediatamente para o hospital; profissionais preparados para realizar o procedimento; e ampliação do acesso ao tratamento a partir da disponibilização de recursos para a preparação de mais hospitais.
Dicas de Prevenção do AVC
O especialista é enfático ao afirmar que adotar uma rotina de vida saudável pode prevenir o AVC. Confira as dicas de prevenção:
Atenção para os sinais do AVC
Atente-se aos sinais de um possível AVC. Caso identifique alguns desses sintomas, encaminhe o paciente imediatamente para o hospital mais próximo. Os principais sinais de alerta são perda de equilíbrio ou tontura, mudança repentina na visão em um ou nos dois olhos, dormência ou “queda” de um dos lados da face, fraqueza nos braços, dificuldade de fala ou fala arrastada e dor de cabeça repentina e intensa sem motivação aparente.
Para testar os sinais de alerta, os especialistas recomendam observar:
O mais importante: não perca tempo esperando por uma melhora espontânea, ligue urgente para o serviço móvel de emergência 192 e leve a pessoa para um pronto-socorro imediatamente e anuncie que tem uma suspeita de AVC. E lembre-se: apenas um desses sinais já é o suficiente.
Fonte: Kelly Souza