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Foto/Divulgação: Well Reis

Sarau Literário promovido pela Secretaria de Educação do Estado do Rio de Janeiro deu visibilidade aos projetos desenvolvidos nas escolas para incentivo à leitura

Cantora Elza Soares, cuja biografia foi distribuída para alunos do Ensino Médio, foi homenageada no evento

Árvore de livros, declamação de poesias, música, teatro, a emoção dos professores ao apresentarem seus projetos, o olhar de encantamento dos estudantes que pisaram pela primeira vez no Theatro Municipal. Em uma atmosfera lúdica, o Sarau Literário, realizado nesta quinta-feira, 29 de agosto, pela Secretaria de Educação do Estado do Rio de Janeiro (Seeduc-RJ), reuniu cerca de 300 representantes da comunidade educacional – docentes, alunos, coordenadores e diretores — unidos pelo propósito de mobilizar e fomentar a leitura na educação pública. 

Integrado ao Programa Estadual de Leitura, o evento reuniu unidades de ensino vinculadas às 15 Diretorias Regionais de todo o Estado. “Sonhamos com uma escola de qualidade que, por meio da leitura, oferece aos meninos e meninas do estado do Rio de Janeiro a oportunidade de se tornarem professores ou qualquer outro adulto que desejarem ser. Espero que cada um leve consigo a lembrança deste Sarau, uma memória construída pelos profissionais de educação que se dedicaram para que este dia especial acontecesse”, destacou a subsecretária de Gestão de Ensino, Joilza Rangel Abreu.

Para a superintendente pedagógica da Seeduc-RJ, Flavia Costa, engajar os leitores é fundamental para que a transformação ultrapasse os muros da escola. “Queremos que esse movimento inspire novos leitores e que eles transmitam os valores da leitura para suas casas e comunidades. Afinal, ler transforma, nos faz viajar, nos faz mudar, e nos leva por caminhos que nunca imaginávamos existir. A leitura abre portas para espaços que a gente não acredita que vá alcançar, mas que, com ela, alcança”, afirmou.

Durante o evento, foi distribuído o Guia de Experiências Literárias, com sugestões de atividades para trabalhar os livros do projeto Educação do Amanhã, desenvolvido em parceria com o Grupo Eureka. O documento apoia mediadores e agentes de leitura, que desempenham um papel fundamental para incentivar o hábito de leitura e a compreensão dos textos em suas diversas perspectivas. O diretor executivo do Grupo Eureka, Marco Saliba, ressaltou a importância de ir além da distribuição dos livros ou da sua disponibilidade nas bibliotecas. “A literatura não se faz com o livro na estante, na gráfica ou durante a edição, mas sim a partir dos seus leitores, nas discussões realizadas em grupo, por meio dos projetos de engajamento”, destacou.

Estudantes e professores participaram de diversas oficinas temáticas, que abordaram folclore, contação de histórias, edição de capas de livros, histórias em quadrinhos e escrevivência. Também foi promovida uma roda de conversa voltada para docentes sobre o papel da literatura e dos livros, com ênfase nas biografias. No encontro, a editora Leila Name, da LeYa Brasil, dialogou com as autoras Marina Mafra, Desire Oliveira e Rafaela Fustagno, do livro Meu Livro de Cabeceira, com a participação especial de Vanessa Soares, neta da cantora carioca Elza Soares.  


Projetos

Mirella Lopes da Silva, estudante do terceiro ano do Ensino Médio, do Centro Integrado de Educação Pública (Ciep) 139 Manuel Bandeira, em São João de Meriti, é apaixonada por leitura e, por isso, faz questão de mostrar para os seus colegas mais novos a importância dos livros. “Na nossa escola, temos dois projetos principais. O primeiro é ‘Um livro por mês’, no qual uma obra é selecionada da biblioteca e promovida para que todos tenham acesso, seguido de um debate em sala de aula. O segundo projeto é ‘Lendo, contando e encantando’, em que cada aluno escolhe um livro na biblioteca, leva para casa e depois compartilha com a turma e com os agentes de leitura o que aprendeu”, explicou a jovem, que está decidida a se tornar professora de Língua Portuguesa em um futuro próximo.

Outra adepta da leitura é Ana Vitória Carvalho, que, junto com seus colegas do sétimo ano do Colégio Estadual Nova América, em Duque de Caxias, apresentou um poema escrito durante uma atividade em sala de aula, uma releitura do livro Namarama, uma das obras distribuídas aos estudantes via Projeto Educação do Amanhã. A história, inspirada em um conto das tradições orais das culturas africanas, ganhou uma nova leitura por meio dos versos. “Trouxemos a personagem para a realidade do Rio de Janeiro, fazendo uma mistura das culturas e das ideias. Estou muito feliz de poder apresentar isso no Sarau”, contou a adolescente. 

Para estimular o interesse pelos livros, o Colégio Estadual Dr. Pericles Corrêa da Rocha, em Bom Jardim, tem promovido encenações teatrais entre os alunos. A estratégia tem dado certo, segundo a aluna Beatriz da Conceição Brito, do segundo ano do Ensino Médio. “Antes, eu não era muito chegada à leitura e nunca tinha participado de uma encenação. Porém, ao interpretar a personagem principal do livro, passei a ler mais”, conta Beatriz. A professora de Língua Portuguesa, Ana Paula das Neves Romeira, complementa que também são realizadas rodas de leitura para discutir os livros distribuídos pelo Estado. Além disso, são aplicadas atividades sugeridas pela plataforma e-Rio e pela ferramenta ProfessorIA.

 

Homenagem

A biografia de Elza Soares, escrita pelo jornalista Zeca Camargo e distribuída por meio do Programa Estadual de Leitura, foi tema de trabalho para os estudantes do Colégio Estadual Coronel Sérgio José do Amaral, em Magé, e da Escola Marcilene Resende da Rosa Cordeiro. Durante o Sarau Literário, os alunos prestaram uma homenagem à cantora carioca, com a presença especial de sua neta, Vanessa Soares.

Durante o evento, os alunos entoaram a música “A Carne” e Vanessa Soares fez um comentário relevante sobre a canção. “Minha avó lutou intensamente contra o racismo, uma doença que afeta não apenas o Brasil, mas o mundo inteiro. Devemos continuar essa batalha diariamente. Antes de nos deixar, Elza ressignificou essa letra, e sempre que ela cantava o refrão ‘a carne mais barata do mercado é a carne negra’, ela dizia ‘agora não é mais’”, revelou.

 

Fonte: Iris Bertoncini

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