Carro Elétrico

Foto/Divulgação

Levantamento da Universidade Veiga de Almeida revela que a venda de veículos elétricos em Niterói mais do que dobrou depois da chegada de novas montadoras chinesas ao Brasil

A venda de veículos elétricos em Niterói aumentou 125% no primeiro semestre de 2024 em relação ao mesmo período do ano passado. Os dados são de um levantamento feito por pesquisadores do Mestrado Profissional em Ciências do Meio Ambiente da Universidade Veiga de Almeida (UVA) a partir de informações do Detran-RJ.

Em números absolutos, o crescimento corresponde a mais 481 veículos elétricos com emplacamento obrigatório – automóveis, motocicletas, caminhões, ônibus – circulando nas ruas e rodovias que cruzam a cidade. O número total chegou a 867 unidades, o que corresponde a apenas 6,5% da frota veicular elétrica do estado.

                                                 Evolução da frota veicular elétrica da cidade de Niterói nos últimos cinco anos.

Segundo o levantamento da UVA, desde o início da série histórica, em janeiro de 2011, os veículos elétricos registraram a melhor participação em relação à frota veicular total da cidade, saltando de praticamente zero para 0,29% em junho de 2024.

                                                    Evolução da frota veicular elétrica da cidade de Niterói desde o início da série histórica

“Verificamos que o emplacamento dos veículos elétricos em Niterói tem sido crescente desde setembro de 2019, mesmo durante a pandemia de Covid-19. Isso se deve, em parte, à implementação de políticas públicas estaduais de incentivo à eletromobilidade, que desde 2016 ofertam alíquotas do IPVA menores para os proprietários de veículos elétricos (alíquotas de 0,5% para carros totalmente elétricos e de 1,5% para os carros elétricos híbridos)”, explica Ricardo Soares, coordenador do Mestrado Profissional em Ciências do Meio Ambiente da UVA e organizador do levantamento. 

Ao longo dos últimos 13 anos foram desenvolvidas diversas políticas públicas de incentivo à eletromobilidade, como o atual Mover (Programa de Mobilidade Verde) e redução do IPVA desses veículos em pelo menos nove estados do Brasil. Entretanto, um dos principais agentes recentes para a alavancagem na evolução das vendas de veículos elétricos no Brasil, avaliam os especialistas, foi a chegada de novas montadoras chinesas, como BYD e GWM, em 2023, com uma política de preços competitiva para conquistar o mercado nacional da eletromobilidade. 

“A recente entrada de novos competidores globais com ampla experiência na produção de veículos elétricos e preços acessíveis pode sugerir uma continuidade da forte tendência para o aumento desses veículos, que são mais ecológicos e sustentáveis, em Niterói e em todo o estado do Rio de Janeiro. No entanto, desde o ano passado, fabricantes de veículos nacionais têm pressionado o governo federal para elevar os impostos sobre veículos elétricos importados da China”, comenta Rafaela Naegelle, pesquisadora da UVA e uma das autoras do estudo. Recentemente, o governo federal aumentou o imposto de importação para veículos elétricos, que chegará a 35% em julho de 2026.

 Para Naegelle, enquanto a indústria automobilística brasileira pressiona para que a taxa máxima de 35% seja aplicada imediatamente, o país deveria estar discutindo políticas públicas sustentáveis que levem em consideração os impactos das mudanças climáticas. “A adoção de veículos elétricos, juntamente com energias renováveis, é crucial para uma transição energética justa. Precisamos incentivar, não limitar, as soluções sustentáveis”, completa a pesquisadora da UVA.
 

Modelagem matemática desenvolvida pelos pesquisadores da UVA indica que Niterói poderá ultrapassar a marca de mil veículos elétricos emplacados na cidade ainda em 2024. Entretanto, além das incertezas associadas a uma eventual antecipação imediata do valor máximo do imposto para carros elétricos produzidos na China, ainda há a recente inclusão desses veículos no Imposto Seletivo, ou “Imposto do Pecado”, no projeto de Regulamentação da Reforma Tributária recentemente aprovado pela câmara dos deputados em Brasília. Além disso, há lacunas na infraestrutura de recarga existente dos carros elétricos na cidade de Niterói.
 

Para Carlos Canejo, professor do Mestrado Profissional em Ciências do Meio Ambiente da UVA e um dos líderes da pesquisa, a rápida expansão da frota veicular elétrica não está necessariamente acompanhando os investimentos necessários em infraestruturas de recargas desses veículos, conhecidas como eletropostos, o que pode se tornar um desafio ainda maior para a expansão da eletromobilidade em Niterói.
 

“Em recente pesquisa nosso grupo identificou apenas 12 eletropostos em Niterói, situando-a como a quarta cidade com mais estações de recarga em todo o estado. Também podemos afirmar que Niterói possui uma demanda atual de 72 veículos elétricos para cada eletroposto, enquanto internacionalmente se recomenda dez veículos elétricos para cada estação de recarga. O crescimento sustentável na adoção dos veículos elétricos passa necessariamente pela diminuição das tributações, o que proporciona preços mais acessíveis, e pelo incentivo de políticas públicas que promovam a conscientização ambiental e o planejamento da infraestrutura necessária para a recarga”, finaliza.

Fonte: Rafael Danthi comunicações 

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