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Foto/Divulgação: Vinicius-Rodrigues---Foto-Aquivo-Pessoal-

Em 2015, o ex-BBB participou do Running Clinic, uma espécie de clínica de corrida em Valinhos (SP), sob orientação de Heinrich Popow. O evento terá nova edição nesta semana

Promessa de medalha e recorde nas pistas de atletismo, o paratleta Vinícius Rodrigues vai para sua segunda Paralimpíada em Paris, nos jogos que acontecem de 28 de agosto e 8 de setembro. Atual recordista mundial nos 100 metros na classe T63 (para amputados de uma perna) e medalhista de prata na mesma categoria em Tóquio (2021), Vinícius começou no esporte paralímpico depois de participar de um evento amistoso no qual conheceu o atletismo e as próteses destinadas a velocistas. Desde então, o esporte passou a fazer parte de sua vida.

O evento do qual Vinícius participou foi o Running Clinic, que tem como objetivo reunir pessoas com deficiência que querem praticar corrida. A competição é organizada pela Ottobock, empresa que fornece as próteses que Vinícius usará nas Paralimpíadas e que também é uma das patrocinadoras dos jogos de Paris. Neste ano, entre os dias 25 e 29 de julho, haverá nova edição do Running Clinic em San José, capital da Costa Rica.

Vinícius participou de uma edição da competição em 2015, realizada em Valinhos, interior de São Paulo, cidade em que está localizada a sede da Ottobock no Brasil. Essa foi a oportunidade para que ele enxergasse no esporte um futuro promissor. “Eu já tive esse interesse em participar dentro do hospital. Eu tinha acabado de sofrer o acidente [que motivou a amputação de uma das pernas] e fiquei ansioso para me recuperar e ficar pronto para participar. Foram seis meses de recuperação. Esse torneio foi minha primeira oportunidade de correr, a experiência de sentir como é a prótese de corrida”, explica.

Além da satisfação de conhecer o esporte na prática, Vinicius teve contato com um campeão paralímpico que o inspirou: Heinrich Popow, medalhista de ouro na classe T42 do atletismo em Londres 2012 e que ganhou ainda mais uma medalha de prata e cinco de bronze em três edições dos jogos. “Isso significou muito para mim, porque acendeu a chama para que eu pudesse alcançar índices para as Paralimpíadas e para o Mundial de Paratletismo e, assim, poder ser um velocista. Na ocasião eu até brinquei com o Popow que eu iria correr em 11 segundos, e quatro anos depois eu consegui bater o recorde que era dele”, conta.

 

Foto/Divulgação: Vinicius-Rodrigues—Foto-Aquivo-Pessoal-

A competição em que Vinícius conquistou o índice foi o Open Loterias Caixa, realizada em São Paulo no ano de 2019, quando ele atingiu o índice de 11s95. A pouco mais de um mês dos jogos de Paris, ele está confiante para mais um pódio. “A expectativa é sempre pela medalha. Já consegui o recorde mundial e vamos batalhar para melhorar essa marca”, afirma.

Oportunidade de voltar a correr

Da mesma forma que o medalhista, outros brasileiros vão correr no Running Clinic deste ano para conhecer melhor o esporte e também terão a mentoria de Heinrich Popow. Uma delas é a analista de treinamento Karina Neves Matos, de 44 anos, de Belo Horizonte. Ela usa próteses no lugar do pé direito desde que sofreu um acidente em uma rodovia em novembro de 2013. Karina sempre gostou de praticar corrida e agora está ansiosa com a oportunidade de conhecer equipamentos destinados aos competidores. “É importante ter contato com quem têm o mesmo sonho que eu, que é voltar a correr ou que já correm, para trocarmos experiências”, comenta.

Karina praticava corrida de rua antes do acidente que sofreu há mais de dez anos, mas precisou interromper porque não tinha uma tecnologia adequada para essa atividade. Com isso, passou para o ciclismo, inicialmente como um hobby e depois como uma forma de ajudar em sua recuperação. “Esse evento na Costa Rica vem em ótima hora para me dar uma grande oportunidade de me aprimorar, com um equipamento adequado e instruções adequadas”, diz.

Essa oportunidade, para Karina, também é a chance de abrir um leque de possibilidades da prática esportiva com o uso de próteses. “É uma forma de eu poder construir algo diferenciado em relação a algum outro esporte que às vezes não é tão convencional para uma pessoa amputada”, diz.

Da recuperação para as pistas em poucos meses

Outro brasileiro que estará na competição na Costa Rica é o vendedor Alisson Rodrigues, morador de Ibaiti, no norte do Paraná. Ele teve a perna esquerda amputada em dezembro de 2022 após ser atingido por uma carreta em uma rodovia, enquanto conduzia uma motocicleta. Desde então, passou por um processo de adaptação. A princípio utilizou muletas e cadeira de rodas. “No início eu fazia uma sessão de fisioterapia por dia. O profissional que me auxiliava me recomendou para protetização”, afirma.

Em novembro de 2023 ele teve sua primeira avaliação para receber a prótese. “Foi um sonho realizado. Aquilo que uma pessoa amputada mais busca é a autonomia. No começo eu usava pouco, apenas uma hora pela manhã e uma à tarde. Agora já estou bem mais adaptado”, explica.

Quando soube da oportunidade de Running Clinic, ele logo abraçou a ideia. “Antes do acidente eu jogava futebol. Quando era mais novo cheguei a jogar futsal em clubes. Agora vejo a chance de conhecer mais o atletismo e voltar a praticar corrida. Meus familiares me apoiaram na ideia e nós vemos que, mesmo após o acidente, tudo é possível, independente do que aconteceu”, diz. Assim como Karina, ele vê no evento uma chance de conhecer outras pessoas amputadas. “Estou muito ansioso para ter acesso a quem é de outra nacionalidade e enfrenta a mesma dificuldade que eu”, comenta.

Fonte: Rodrigo Batista 

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