Obras de melhorias contemplam duas mil pessoas no bairro Eliane
“Até a mamadeira dos meus filhos, eu fazia com a água do poço que tinha que buscar na entrada do bairro”. O relato da aposentada Marilene de Mesquita, 57 anos, que mora desde 1990 no bairro Eliane, em São Gonçalo, é só um dos exemplos de dificuldades e limitações vividas por moradores e comerciantes locais, que passaram anos sem abastecimento e, quando a rede de distribuição chegou ao local, o fornecimento de água não era regular. A situação melhorou recentemente, após melhorias feitas pela Águas do Rio que beneficiaram cerca de duas mil pessoas.
A primeira parte do trabalho consistiu em vistorias na rede e sondagens que identificaram vazamentos. A partir daí, foi possível fazer a integração de cerca de 22,5 milhões litros de água tratada por mês ao sistema de abastecimento, o equivalente a 11.250 caixas d’água de dois mil litros.
Uma dessas caixas é a da dona Marilene, que está aliviada com o retorno da água em suas torneiras, até mesmo para não reviver o drama do passado. “Ainda bem que hoje tenho água. Imagina nessa idade como seria ter que carregar latas cheias novamente” – disse.
Também foram feitas manutenções no sistema de bombeamento que leva água à parte alta do bairro, além da instalação de novos registros e a interligação de adutora com a rede existente, possibilitando a melhoria do serviço.
“Precisávamos fazer esses serviços para dar mais dignidade aos moradores. Estamos trabalhando também no entorno dessa localidade para contemplar ainda mais famílias”, disse Malcom Bispo, gerente de Operações da Águas do Rio.
Regularmente, equipes da concessionária estão na região aferindo a pressão da água distribuída em imóveis de várias ruas, como a Eusébio da Silva Branco, Acelina Pimentel e Zeni Rodrigues Souza, entre outras.
Solidariedade entre vizinhos
O aposentado Valter Gomes, de 86 anos, mora no bairro Eliane desde 1974 e relembra os tempos difíceis para obter água:
“Quando eu cheguei aqui não tinha nem poço. Eu ia com as minhas filhas até o asfalto (referindo-se à parte baixa do bairro) carregando latas para pegar água. Hoje tenho água na torneira”, disse o idoso.
A dona de casa Zenilda Macedo lembra de ditado popular e explica que, mesmo nos momentos de maior dificuldade, não deixava de ajudar quem não tinha nem uma gota d’água nas torneiras de casa.
“Um copo de água não se nega a ninguém, né? Sempre ajudei todo mundo”.
Ela também recordou de noites passadas em claro.
“Muitas vezes tive que ligar a bomba durante a madrugada para conseguir água. Quando dava, eu pagava um caminhão-pipa. Mas criei meu filho assim e cheguei a lavar muita roupa com água da chuva”, concluiu Zenilda.