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Foto/Divulgação: Duda Menegassi

Os “pequenos cientistas” produziram, junto com os monitores, um relatório com as análises de dados coletadas do ecossistema e aprenderam sobre a Baía de Guanabara

Com os olhares atentos no mar, nos biólogos, nos professores e nas fotografias de animais marinhos, 40 alunos da Rede Municipal de Educação de Niterói participaram da primeira expedição de bordo na enseada de Jurujuba. As aulas fazem parte do projeto de Inventário da Biodiversidade Faunística da Bacia Hidrográfica Contribuinte da Enseada de Jurujuba. O programa é implementado pela Prefeitura de Niterói e coordenado pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Sustentabilidade, com o objetivo de promover conhecimento e integração entre a população local e a biodiversidade do ambiente em que vivem. Essa etapa do projeto, em que a garotada interage com o meio ambiente, conta com o apoio da Secretaria Municipal de Educação.

As turmas tiveram também aulas lúdicas com os biólogos da equipe sobre a diversidade de bichos que habitam a enseada e suas características e interações com o ambiente, com conversas interativas sobre a importância da preservação das espécies através de atitudes sustentáveis, como o não despejo de resíduos no mar, além de lições participativas com manejo de instrumentos de medição da velocidade do vento, da qualidade de transparência e temperatura das águas, profundidade da maré, e observação de bichos com a utilização de monóculos. Os “pequenos cientistas” produziram, junto com os monitores, um relatório com as análises de dados coletadas durante o passeio.

Foto/Divulgação: Duda Menegassi

O projeto tem investimento de R$ 1,8 milhão do governo federal, por meio do Ministério da Justiça e Segurança Pública, e tem como objetivo produzir um catálogo de espécies animais de seis bairros que formam a Enseada de Jurujuba, promovendo educação ambiental e conhecimento da biodiversidade local, e tem como parceiros que vão ajudar a desenvolver o projeto o Instituto Moleque Mateiro e a Piper 3D.

“Além do valioso conhecimento adquirido em cada etapa das oficinas a bordo, os alunos terão ainda a oportunidade de apresentar o resultado de seus aprendizados em uma exposição aberta ao público e às famílias, onde serão exibidos os trabalhos de foto, vídeo e pintura produzidos nas expedições, após a finalização das etapas de aulas embarcadas. É uma forma lúdica que vão levar para seu convívio familiar e serão multiplicadores de boas práticas ambientais”, explica Rafael Robertson, secretário de Meio Ambiente de Niterói.

Foto/Divulgação: Duda Menegassi

Para o secretário de Educação e presidente da Fundação Municipal de Educação de Niterói, Bira Marques, é fundamental que as crianças desenvolvam esse olhar de conscientização e cuidado com a Baía de Guanabara.

“Niterói tem uma trajetória na luta pela preservação ambiental, sendo pioneira em diversas políticas públicas nesse sentido, e é importante envolver as próximas gerações. A escola é um lugar de formar uma consciência crítica do hoje e do futuro, além de disseminar e multiplicar o conhecimento”, ressaltou.

As pesquisas para o inventário tiveram início em janeiro, com equipes de biólogos da empresa de consultoria ambiental Piper3D realizando visitas a campo em pontos do Parque Natural Municipal de Niterói e da Área de Proteção Ambiental do Morro do Morcego, da Fortaleza de Santa Cruz e dos Fortes do Pico e do Rio Branco, que serão monitorados ao longo de 15 meses de estudos para identificação de espécies e coleta de dados sobre os animais encontrados na região.

“A oficina de sensibilização audiovisual tem o objetivo de, através da contação de histórias, mostrar como ao longo do tempo se fez um registro da Baía de Guanabara – mostrando pinturas, fotos antigas, até chegar ao celular, onde os alunos puderam, eles mesmos, assumirem o papel de artistas -, gerar um senso de pertencimento neles, afinal de contas, a Baía também é gerida por quem a usa, então as comunidades do entorno são muito importantes para a sua própria preservação. E a gente viu a oficina cumprir muito bem esse objetivo, com as crianças felizes, querendo participar e fazer seus registros”, afirma Márcio Isensee, monitor da atividade e fotógrafo e videomaker do projeto.

Para Guilherme Raeder, gerente executivo do projeto, as atividades de educação ambiental a bordo vêm para dinamizar conhecimentos científicos relacionados às ciências do mar.

“As primeiras atividades foram um grande sucesso, as crianças tiveram um dia onde puderam ter novas perspectivas tanto do seu território quanto da Baía de Guanabara. O objetivo é desmistificar a imagem habitual acerca da Baía de Guanabara e causar o encantamento para essa área vital de Niterói”, comenta.

O projeto de educação ambiental a bordo é inclusivo e tem a proposta de contemplar alunos com necessidades especiais. A primeira aula a bordo contou com a presença de alunos do 3o ano do Ensino Fundamental da E.M Professora Lucia Maria Silveira Rocha, entre eles, 6 crianças PcD que, junto com acompanhantes delegados para auxiliá-los nas atividades, puderam aprender e interagir em todas as oficinas promovidas pela equipe.

“É muito interessante para os alunos essa experiência de aula fora da sala de aula, eles expandem o horizonte e o olhar deles sobre o mundo. E para uma criança atípica, como vários de nossos alunos aqui, é mais valioso ainda. Eu fiquei impressionada com quanto eles conseguiram se integrar, participar ativamente e absorver aquela vivência tão diferente do dia a dia na escola. Eles amaram”, comenta Layza Ribeiro, professora da turma 3B.

“Achei fantástica a experiência. A maioria dos nossos alunos nunca tinha tido a oportunidade de estar em um barco, passear pela enseada, ouvir e olhar para suas próprias histórias sob uma perspectiva completamente nova, um novo ângulo. Uma aquisição cultural incrível para todas essas crianças”, complementa a professora Alessandra Karina, da 3B.

E os alunos confirmam. Laís da Silva Ferreira conta que gostou muito da experiência de andar de barco: “Vi peixes e tartarugas e aprendi que não podemos jogar lixo no chão nem na água, porque os bichinhos ficam agarrados nele ou comem e podem morrer”.

Sofia Daiane também se encantou com a fauna da Baía e comentou sobre o ponto auge do seu passeio: “o que mais gostei foi usar o monóculo para ver os pássaros no ar”, descreve ela.

O projeto de educação ambiental vai envolver, ao longo do ano, 600 alunos, professores e assistentes do 3° e 4° anos do Ensino Fundamental de três escolas municipais que se situam na área da enseada: a Escola Municipal Helena Antipoff e a Escola Municipal Professora Maria Ângela Moreira Pinto, localizadas em São Francisco, e a Escola Municipal Professora Lucia Maria Silveira Rocha, localizada em Jurujuba. Os estudantes serão divididos em turmas de 25 alunos por atividade, totalizando 24 saídas ao final do projeto, com oito visitas para cada escola selecionada. Após as atividades práticas, será realizada uma visita à exposição do Instituto Moleque Mateiro de Educação Ambiental.

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