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Secretária de Saúde do Rio, Beatriz Busch,. Foto/Divulgação

Por: Beatriz Busch, primeira mulher secretária de saúde da capital do Rio de Janeiro

É impossível não se impactar com as recentes notícias sobre o “choro” da ministra após cobranças do Presidente da República. Uma mulher que aceita um desafio como esse precisa ao menos ser tratada com mais respeito, inclusive, quando expressa seus sentimentos. O que teria feito a professora Nisia Trindade aceitar esse convite? Qual seria a sua motivação decorridos 16 meses dessa sua trajetória?. Para alguém que galgou posições nunca antes ocupadas por mulheres como à Presidência da Fiocruz e o Ministério da Saúde a resposta é que a causa é maior que a luta.

Seja qual for a dificuldade do caminho quando uma mulher persiste, todas seguimos com ela. A sua capacidade técnica é testada diariamente, basta não agradar a um terceiro interessado. A sua fragilidade é explorada, a sua coragem é posta à prova nas decisões diárias cujo abono questiona até mesmo a sua qualificação de pesquisadora. Mas quando uma alcança, eu repito, todas nós alcançamos.

A mulher segue trabalhando e planejando os próximos passos e isso faz parte da essência feminina. A cada demonstração de transparência municia o seu redor para críticas sexistas inaceitáveis no Brasil que sobreviveu a uma pandemia no tempo em que essa mesma Nisia comandava a FIOCRUZ, abriu dezenas de leitos especializados e viabilizou a vacina que salvou milhões de pessoas. 

As últimas notícias intencionavam reduzi-la e enquadrá-la como uma mulher que chora, que tem uma relação de “comadres” com a primeira-dama e foi inclusive por ela consolada.Que ousadia tentar diminuir a Ministra Nisia somente porque é mulher. Um homem nessa posição jamais seria tratado dessa forma. Se foi cobrada por seu chefe publicamente deveríamos lembrar que ela tem sido frequentemente elogiada pelo mesmo Presidente porque certamente merece. Se foi realmente apoiada por outra mulher que está imersa no núcleo duro governista brasileiro merece mais ainda.

Não se trata de um episódio midiático de assédio público que na mão de alguns inevitavelmente se transformaria em capital político para uma tentativa eleitoreira. Nosso voto feminino não pode mais ser destinado a pessoas que não entendem a responsabilidade dessa representatividade. Não somos quotas partidárias. Os problemas são antigos e precedem a ministra mulher. A dengue, a urgência de um SUS com equidade sem a qual os Yanomamis sucumbirão ou as articulações políticas vitais para do Ministério da Saúde fazem parte dos desafios da luta diária, mas a permanência da mulher onde ela chegou é a causa.

A doutora Nisia não se abalou com as matérias, não acusou o golpe, mas nós mulheres nos indignamos sim. Não com as cobranças do Presidente. Fomos forjadas para desempenhar simultaneamente várias tarefas sejam elas em nossa casa ou no trabalho. Ser cobrada faz parte. Ser testada em um contexto político é para quem tem couraça e isso nossa ministra tem de sobra.

A indignação é motivação. Força ministra! Se quiser pode chorar porque a Senhora escreveu o seu nome na história e é um nome de mulher.

Fonte: Rafael Gomes – Jornalista/Assessor de Imprensa

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