Dr. Fabiano de Abreu Agrela, Pós PhD em Neurociências, comenta estudo que aponta benefícios de prebióticos para a função cerebral
Um estudo recente publicado na revista Nature Communications sugere que um suplemento de fibras acessível pode melhorar a função cerebral e a memória em pessoas com mais de 60 anos em apenas 12 semanas. O estudo foi realizado por cientistas do King’s College London e envolveu a administração de um suplemento composto por inulina e FOS (frutooligossacarídeos) a um grupo de participantes.
Para entender melhor os resultados do estudo e suas implicações para a saúde cerebral, conversamos com o Dr. Fabiano de Abreu Agrela, Pós PhD em Neurociências pela Califórnia University e Biólogo membro da Society for Neuroscience nos Estados Unidos.
Dr. Agrela, o senhor pode nos explicar como funciona esse suplemento de fibras e quais são seus benefícios para a memória?
Dr. Agrela: O suplemento em questão é composto por inulina e FOS, que são prebióticos. Prebióticos são substâncias que alimentam as bactérias benéficas do nosso intestino. Quando essas bactérias são nutridas, elas produzem ácidos graxos de cadeia curta (AGCC), que são moléculas que têm diversos efeitos positivos no corpo, incluindo o cérebro.
Os AGCC podem estimular a produção de novas células cerebrais, proteger as células cerebrais contra danos e melhorar a comunicação entre as células cerebrais. Isso pode levar a uma melhora na função cognitiva, incluindo a memória.
Onde podemos encontrar essas substâncias naturalmente?
Dr. Agrela: A inulina pode ser encontrada em diversos vegetais, como chicória, alho-poró, banana e alcachofra. Já os FOS podem ser encontrados em leguminosas como feijão, lentilha e grão de bico.
É importante ressaltar que, embora esses alimentos sejam boas fontes de prebióticos, a quantidade presente neles pode não ser suficiente para alcançar os efeitos benéficos observados no estudo. Por isso, o uso de um suplemento pode ser uma opção mais eficaz para algumas pessoas.
O senhor acredita que esse estudo pode abrir caminho para novas formas de tratar a perda de memória relacionada à idade?
Dr. Agrela: Sim, este estudo é muito promissor e sugere que os prebióticos podem ser uma nova ferramenta para ajudar a prevenir ou retardar a perda de memória relacionada à idade. No entanto, mais pesquisas são necessárias para confirmar esses resultados e determinar a melhor forma de usar prebióticos para esse fim.
Quais são suas considerações finais sobre esse estudo?
Dr. Agrela: Este estudo é um passo importante na compreensão da relação entre a saúde intestinal e a função cerebral. Os resultados sugerem que os prebióticos podem ser uma forma segura e eficaz de melhorar a memória em pessoas com mais de 60 anos.
Fonte: MF Press Global