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Investigação aponta excessos no meio, mas há exceções

A prática esportiva para crianças não deveria ser apenas sobre competição, mas também sobre o desenvolvimento pessoal e o cultivo de um ambiente saudável e inclusivo. Entretanto, não foi isso que uma investigação do “ge” revelou hoje sobre os campeonatos infantis de futsal no Rio de Janeiro. Porém, enquanto muitos relatos revelam um cenário de violência, agressão e comportamentos inaceitáveis nesse universo, a Hebraica Rio destaca-se  não apenas pelos títulos e performances dos seus atletas, mas como um exemplo inspirador de um espaço que promove não apenas o esporte, mas também valores de inclusão e apoio a crianças de diversas realidades. “A violência, incluindo casos de racismo, homofobia, misoginia e ameaças, é inaceitável, especialmente quando direcionada a crianças que participam dos jogos”, diz Luiz Mairovitch, presidente da Hebraica Rio.

Referência no esporte, o clube de Laranjeiras sempre se destacou por oferecer um ambiente acolhedor para crianças de diferentes contextos econômicos que participam do treinamento de futsal – inclusive, além dos treinos com foco no esporte, o clube proporciona suporte integral, incluindo lanches, uniformes e todo o suporte necessário para que as crianças possam se dedicar sem outras preocupações. “Nosso objetivo vai além do treinamento esportivo. Queremos criar um ambiente acolhedor e inclusivo, oferecendo suporte não apenas para o desenvolvimento esportivo, mas também pessoal das crianças”, enfatiza Mairovitch, que é um exemplo de liderança comprometida com o bem-estar e o desenvolvimento das crianças e adultos envolvidos nos treinos. “O propósito é oferecer as melhores condições para que todos possam se beneficiar do esporte, independentemente de sua origem ou situação econômica. Um clube esportivo pode ir além da competição, oferecendo um ambiente positivo e inclusivo para crianças de todas as origens. Este espaço não só promove o desenvolvimento esportivo, mas também valores fundamentais de respeito, inclusão e apoio mútuo, criando um impacto positivo na vida dos jovens atletas”, complementa Mairovitch.

Essa preocupação com o bem-estar dos jogadores é não apenas praticada pelos profissionais do clube, mas percebida também pelas famílias das crianças. “Esse ano fui informado que a Hebraica Rio estava realizando a peneira para bolsistas para ingresso na categoria. Meu sobrinho realizou as etapas dos testes e foi selecionado para integrar o time sub 13. É preciso exaltar a importância desse esporte e como tem sido engrandecedor para a vida dele. Um jovem de 13 anos, negro, de família simples, que por meio do futsal tem se desenvolvido e aprendido pela disciplina, apoio ao próximo e trabalho em equipe. Inclusive, dedicação e foco são alguns dos benefícios que o futsal estão proporcionando a ele”, comenta Diego Arruda, tio/pai do atleta Davi Gabriel Americo Arruda, jogador da categoria sub 13 da Hebraica Rio. “Meu mais profundo agradecimento ao Presidente Luiz Mairovitch, ao Diretor de Esporte Luis Malka e ao Técnico do time Claudio Popeye, por disponibilizar tamanha estrutura, organização e dedicação ao meu sobrinho e demais atletas”, complementa.

E não são apenas os jogadores que se sentem abraçados pelo clube. O preparador de goleiros Edilvanio Lemos Gonçalves Costa, conhecido como Vaninho, estava desempregado quando ingressou no clube. Com extenso currículo, inclusive com participações em campeonatos e torneios dentro e fora do Brasil e até do Mundialito na Espanha, ele estava desmotivado com a profissão até entrar para a Hebraica. “O Luiz me chamou e me deu uma nova esperança. Fui bem recebido, acolhido, não apenas pelos profissionais do clube, mas também pelos pais. Temos um ambiente leve, mas com muito profissionalismo e paixão pelo esporte. Há muita atenção com todos os envolvidos, com os profissionais, os alunos e os pais. Espero fazer parte dessa família Hebraica por muitos e muitos anos”, conta.

O comprometimento com a excelência não apenas no salão pode ser percebido, também, pela atenção dada a cada time de cada categoria – o clube atua em três categorias, sub-9, sub-11, sub-13. “Cada categoria tem um treinador, um treinador de goleiros, e temos um estagiário que trabalha em conjunto com essas três categorias. Naturalmente, a gente se preocupa com o comportamento dos atletas, dos profissionais. E todos que trabalham na Hebraica sabem disso, são profissionais já conhecidos do mercado, e sabem que lá é um ambiente bem saudável de trabalhar”, comenta Ricardo Blak, Diretor do Sub 13.

Mas além dos títulos, há também a preocupação social que o clube coloca em prática com o projeto que  ajuda crianças em situações menos favoráveis. Para elas, o clube oferece uma bolsa, para que os atletas não tenham despesa. “A gente procura dar uma alimentação para esses atletas também. Mas é um projeto de muito esforço para manter de pé. E a gente conta com muitos colaboradores, patrocinadores. Estamos sempre correndo atrás. Hoje, temos dois atletas jogando pelo Botafogo, futebol de campo, e tudo isso devido ao auxílio que a gente ofereceu para essas famílias. Com certeza, contribuímos bastante para isso. Também nos preocupamos em estar sempre próximos das comissões técnicas, dos atletas, para ver o que eles necessitam”, complementa Blak.

Cartilha de melhores práticas

Criar um ambiente saudável e inclusivo dentro de um esporte tão competitivo é possível. Mas, para isso, é necessário haver comprometimento com algumas diretrizes que visam não apenas a alta performance dos atletas, mas também o desenvolvimento positivo dessas crianças e jovens, inclusive para promover valores importantes dentro e fora do campo.

A seguir, conheça a Cartilha com 10 dicas  que o clube acaba de lançar para melhorar o ambiente e o comportamento no futsal, que servem como base para a rotina de treinos e campeonatos das equipes da Hebraica Rio.

  1. Respeito mútuo: Pais, alunos e profissionais devem cultivar um ambiente de respeito, compreendendo que todos têm um papel importante no desenvolvimento esportivo;

  1. Educação em primeiro lugar: Enfatizar a importância da educação e do fair play, valorizando o comportamento ético e respeitoso no jogo e na vida;

  1. Valorização do esforço e dedicação: Incentivar o reconhecimento do esforço e da dedicação, independentemente do resultado final, promovendo uma mentalidade de crescimento;

  1. Tolerância zero para discriminação: Combater atitudes discriminatórias como racismo, homofobia e misoginia, criando um ambiente seguro e inclusivo para todos;

  1. Responsabilidade emocional: Pais e profissionais devem orientar sobre o controle das emoções, ensinando que discussões e agressões verbais não são aceitáveis;

  1. Exemplo dos adultos: Pais e profissionais devem ser modelos de comportamento positivo, demonstrando respeito, fair play e controle emocional em todas as situações;

  1. Enfoque na diversão e no aprendizado: Priorizar não apenas os resultados, mas também a diversão e o aprendizado, destacando a importância da experiência esportiva para o desenvolvimento global dos jovens atletas;

  1. Apoio mútuo: Encorajar a colaboração e o apoio entre colegas, promovendo um ambiente de união e respeito, onde todos se sentem apoiados e valorizados;

  1. Comunicação aberta: Estimular a comunicação aberta entre pais, alunos e profissionais, incentivando o diálogo construtivo para resolver conflitos e melhorar o ambiente esportivo;

  1. Desenvolvimento de habilidades sociais: Reconhecer que o futsal não se trata apenas de habilidades esportivas, mas também do desenvolvimento de habilidades sociais e emocionais fundamentais para a vida.

Fonte: Alessandra Ceroy 

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