O Dia da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha, comemorado neste 25 de julho, foi celebrado este ano de forma especial em São Gonçalo. Isso porque é a primeira comemoração após a data ser introduzida, através da Lei Municipal nº 890 de 31 de outubro de 2018, publicada em 05/11/218, no calendário cultural da cidade. E, para festejar, a Secretaria Municipal de Políticas Públicas para o Idoso, Mulher e Pessoa com Deficiência, junto com o Fórum de Mulheres Negras realizaram, nesta quinta-feira (25), a 3ª edição do Projeto Dando Voz e Vez às Mulheres Negras de São Gonçalo, no Sesc São Gonçalo. A data também marca a luta da mulher negra no acesso à educação, saúde e uma vida com mais qualidade. “Mais da metade da população brasileira é negra. Entretanto, as desigualdades raciais, fruto de mais de 300 anos de escravização e exploração de homens e mulheres negros, ainda se manifestam nas barreiras de acesso à educação, saúde e uma melhor qualidade de vida. É preciso pensar políticas públicas que promovam o enfrentamento ao racismo e a valorização da mulher negra e sua história”, afirmou o prefeito José Luiz Nanci.
Para Avanir Pontes, coordenadora do Fórum, a introdução na data no calendário cultural do município é mais um passo do projeto que visa destacar o reconhecimento e a condição dessa mulher como sujeito alvo de políticas públicas. “O dia de hoje representa uma conquista para nós, mulheres negras de São Gonçalo. A maioria da nossa população é negra, sendo as mulheres grande parte desse número e elas não têm visibilidade. Desenvolvemos o nosso projeto buscando políticas públicas que possibilitem essas mulheres a se mostrarem, a terem a sua voz e a sua vez”, explica. A Secretária de Políticas Públicas para o Idoso, Mulher e Pessoa com Deficiência, Marta Maria Figueiredo, realizou a abertura do evento e destacou a importância da data e o enfrentamento ao racismo. “Ter no município um fórum para discussões referentes do Dia Internacional ao Dia Latino Americana Caribenha é de extrema relevância e importância dentro das políticas públicas que precisam ser estabelecidas e reconhecidas em prol das mulheres negras. Não podemos ter nenhum tipo de discriminação, preconceito e desmerecimento. Somos todas iguais em todos os sentidos e com todos os direitos. Precisamos ter essa discussão a nível federal, com uma certa sistematização para fortalecer o movimento das mulheres negras”, explicou Marta. A programação do evento contou com palestras com os seguintes temas: “A invisibilidade da Mulher Negra”, que será ministrada pela jornalista Camilla Pontes; “A Saúde da Mulher Negra” com a enfermeira e pesquisadora Regina de Oliveira e “A Reforma da Providência na Vida das Mulheres Negras” com Hildete Pereira, professora da UFF. “Mesmo com alguns poucos avanços a mulher negra ainda é estigmatizada, fruto de esteriótipo e ainda aparece principalmente com a sexualização do seu corpo, e ela precisa ser respeitada pela mídia. Metade da população brasileira é negra, mas não é isso o que a gente vê nos espaços da mídia como um todo, tanto na televisão, quanto na internet, que são espaços de poder também. E hoje quanto menos visibilidade essa mulher negra tem nesse espaço de poder, menos ela consegue acender e se perceber como uma pessoa que tem direitos também. Uma mídia mais igualitária, torna uma sociedade mais igualitária, afirmou a jornalista Camilla Pontes.