Foto/Divulgação: Alexandre Simonini/Detran.RJ
O Dia Mundial dos Catadores de Recicláveis é comemorado todos os anos em 1º de março. Reforçando a importância desta atividade, nesta quarta-feira (1/3), o Detran.RJ iniciou, na unidade do Rocha, na Zona Norte da cidade, a coleta de cerca de cinco toneladas de placas de alumínio que foram trocadas e não estão sendo mais utilizadas em veículos.
A ação faz parte de um acordo assinado entre o Detran.RJ e 12 cooperativas de catadores, no final do ano passado, que estão responsáveis agora por recolher e dar destinação adequada a resíduos recicláveis descartados nos postos do departamento – no total, há cerca de 50 toneladas de placas de automóveis em unidades do Detran.RJ de todo o estado. Com a reciclagem dos itens, o meio ambiente é preservado e ocorre a geração de emprego e renda para cerca de 200 catadores.
O trabalho de coleta de hoje foi realizado por integrantes da Cooperativa dos Trabalhadores do Complexo de Bonsucesso, a Cootrabom, fundada pelo carioca Luiz Carlos Santiago, de 68 anos, que já trabalhou como porteiro e compositor musical. Eles já começaram a operar em outro posto, em Vila Isabel, e os lucros já estão garantindo um horizonte melhor para os trabalhadores – que ficam com o valor integral dos produtos coletados.
“Criei essa cooperativa há 20 anos, na favela da Maré, e hoje estamos em Cascadura. Essa parceria com o Detran foi muito importante para nós, pois estamos recolhendo o alumínio oriundo das placas, o segundo produto mais valioso para os catadores. Já conseguimos pagar os documentos do caminhão, que estavam em atraso. E também aumentar o valor médio pago aos catadores”, contou Santiago.
Para o presidente do Detran.RJ, Adolfo Konder, o acordo com as cooperativas é de extrema importância. “É uma alegria poder dar destinação a este material de forma adequada, dentro das melhores práticas ambientais. E, ao mesmo tempo, proporcionar às cooperativas uma oportunidade de gerar trabalho e renda para beneficiar seus trabalhadores”, afirmou Konder.
De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), cerca de 15 milhões de pessoas vivem atualmente da reciclagem de lixo no mundo inteiro. As placas de automóveis que estão sendo destinadas às cooperativas se acumularam nos postos por conta da pandemia e em decorrência da mudança na legislação – ou seja, com a entrada em vigor das novas placas Mercosul.
Uma das mais animadas entre os profissionais da Cootrabom, nesta quarta-feira, no posto do Detran.RJ no Rocha, era a carioca Daniella Batista, de 29 anos. Ela deixou o trabalho de motorista de aplicativo após ter o carro roubado e agora diz que se encontrou na nova atividade.
“Adoro reciclagem. Tenho muita preocupação com a preservação da natureza, com o meio ambiente. Sou catadora com muito orgulho e amor. Também gosto muito de dirigir e atuo como motorista aqui na cooperativa. Mas faço o que precisar. Coleto material, carrego o caminhão, ajudo a inutilizar as placas. Nossa profissão é muito importante para a sociedade”, destacou Daniella, que mora em Belford Roxo e está há 1 ano na Cootrabom.
A gestora pública Michelle Ferreira, da Comissão de Sustentabilidade do Detran.RJ, explicou que o acordo celebrado com as cooperativas é inédito no departamento. Segundo ela, todo o trabalho dos catadores está sendo acompanhado por comissões, para que o recolhimento do material e a destinação final sejam feitos da forma correta.
“Justamente por nunca ter sido feito, precisamos formatar e desenvolver todas as fases do programa ao longo de um bom período. É uma grande alegria conseguir implantar este trabalho no Detran. Futuramente, depois de dar a destinação às cerca de 50 toneladas de produtos descartáveis que se acumularam, iremos partir para novas etapas. Será a implantação de uma cultura de reciclagem e conservação permanente no departamento”, comemorou.
Dia Mundial dos Catadores de Recicláveis
A data foi estabelecida a partir de um triste episódio, que ficou mundialmente conhecido como o “Massacre de Ottawa”. No campus da famosa Universidade Livre de Ottawa, no Canadá, em 1º março de 1992, onze catadores de recicláveis foram assassinados por traficantes de órgãos. Em memória às vítimas, foi então instituído o Dia Mundial dos Catadores e das Catadoras de Materiais Recicláveis.
