“Se apostarmos todas as fichas no financiamento internacional, não conseguiremos avançar. Claro que esses recursos são extremamente importantes, mas é preciso buscar soluções locais. Em Niterói, já reflorestamos mais de 10 hectares só com compensação ambiental. No Caramujo, bairro que tem o menor IDH, implementamos um programa de transferência de renda atrelado a ações de redução da emissão de gases do efeito estufa”, contou Grael, que também é vice-presidente de Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Frente Nacional de Prefeitos (FNP), entidade que reúne os 500 maiores municípios do País.
Axel Grael também ressaltou que, até 2050, 70% da humanidade estará morando nos centros urbanos, onde são gerados 80% do PIB mundial. As cidades, segundo ele, precisam aplicar o desenvolvimento com sustentabilidade em cada política pública, mas para isso é preciso planejamento.
“As parcerias com os bancos e agências que têm linhas de financiamento verdes são importantes ferramentas para colocar em prática projetos alinhados ao desenvolvimento com sustentabilidade. O enfrentamento de emergências climáticas localmente consiste em processo de longo prazo, com desafios e limitações. A maior parte da população mundial mora nas cidades e em nível mundial a maior parte das emissões de gases de efeito estufa vem das cidades. Por isso, os municípios têm uma responsabilidade muito grande”, disse o prefeito de Niterói.
“Quando chove forte, fica ainda mais fácil entender o termo ‘justiça climática”. Os maiores danos sempre ocorrem nas áreas mais pobres. Quando abordamos mudanças climáticas, portanto, também estamos falando de pobreza, desigualdade e racismo, daí a importância das ações sociais, como a que estamos fazendo no Caramujo”, disse Axel Grael.
Saiba mais sobre o programa implantado no Caramujo:
O Programa Social de Neutralização de Carbono na Comunidade do Caramujo vai capacitar os moradores da comunidade do Caramujo para agirem de forma ativa no processo de redução de emissões de gases de efeito estufa (GEE) na cidade. Dentre as medidas estão o plantio de mudas e orientação às comunidades sobre meios de reduzir o carbono através de palestras e oficinas. As famílias que conseguirem reduzir as emissões de gases serão compensadas com uma transferência de renda mensal.
A ideia é levar o debate acerca das mudanças climáticas em comunidades de baixa renda e se expandir para outras localidades, atingindo toda a cidade como forma de envolver todos os cidadãos com ações concretas de redução de emissões de gases de efeito estufa.
No pavilhão da Educação Climática, Axel Grael ressaltou que Niterói é a única cidade brasileira a ter uma Secretaria do Clima, que vem realizando trabalho de conscientização junto a estudantes, professores e lideranças comunitárias.
“O engajamento da sociedade é fundamental para que as ações contra as mudanças climáticas sejam implementadas e produzam resultados”, disse Grael, que está no Egito acompanhado do secretário municipal do Clima, Luciano Paez.
“Neste momento que estamos passando no que diz respeito às mudanças climáticas, precisamos repensar nosso modo de vida perante aos usos dos recursos naturais. E esta mudança cultural só vai existir com base na educação. Por isso que estamos construindo, em parceria com a Secretaria de Educação um amplo programa onde a questão do clima será transversal e multisetorial, com a participação ativa de toda a comunidade escolar!”, explica Paez.