Quando for criada, a nova moeda não vai substituir nem o real nem o peso, e só servirá para garantir transações de importação e exportação entre os dois países
Ao acompanhar o presidente Lula em viagem à Argentina, nesta semana, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou que os dois países estão discutindo formas de facilitar o comércio entre si.
Entre as medidas, está a criação de uma moeda comum que será utilizada apenas para transações comerciais entre os dois países. Não se trata, portanto, de acabar com o real ou com o peso, mas de criar uma moeda apenas para operações de importação e exportação.
Para explicar melhor o tema, o Ministério da Fazenda publicou um tira-dúvidas em seu site (acesse aqui). Abaixo, explicamos os pontos mais importantes.
Por que é importante cuidar do comércio entre Brasil e Argentina?
A Argentina é o terceiro país para o qual o Brasil mais exporta seus produtos, atrás apenas da China e dos Estados Unidos. Trata-se, portanto, de um parceiro importantíssimo para a economia brasileira.
Porém, nos últimos anos, quando ficamos sob um governo que não cuidou como devia da relação com a Argentina, a China começou a ocupar um espaço importante, que o Brasil não pode perder.
Essa moeda comum é como o euro, adotado na Europa?
Não. Não se trata de uma moeda única para ser usada por Brasil e Argentina. Tanto o real quanto o peso continuarão existindo e sendo as moedas oficiais dos dois países. Essa nova moeda só vai ser utilizada nas exportações e importações.
Como a criação de uma moeda comum pode favorecer o comércio dos dois países?
Hoje, o comércio entre os dois países se dá por meio do dólar. Isso pode gerar problemas, porque nem sempre há dólares suficientes no mercado, o que pode, em alguns casos, inviabilizar alguns negócios entre os dois países.
Além disso, o peso argentino hoje não é bem aceito no mercado internacional atualmente, porque o país vizinho sofre com um processo inflacionário grave. Não é vantajoso, portanto, para um empresário brasileiro que exporta para a Argentina receber em pesos, porque aquele valor pode se desvalorizar rapidamente.
Uma nova moeda, com valor mais estável, é uma boa solução, pois evita tanto o problema de uma eventual escassez de dólares quanto o problema da desvalorização do peso argentino.
A adoção de uma moeda comum para importação e exportação será imediata?
Não. O que foi aprovado até agora é a formação de um grupo de trabalho que vai estudar a melhor forma de fazer isso.
Essa solução pode beneficiar outros países da América Latina?
Sim. Brasil e Argentina vão criar um tipo de governança coletiva sobre essa nova moeda. Essa governança pode servir para operações comerciais entre os países da região, podendo incentivar melhores práticas de gestão monetária, inflação, sustentabilidade da relação fiscal e ambiental, entre outros aspectos. Fonte: Secom/PT